domingo, 2 de junho de 2013

CORRIDA DAS TORRES 2013

No dia 04 de Maio de 2013, realizei minha última diversão antes do tão falado Iron Man Brasil. Digo diversão, pois por incrível que pareça, acabo me divertindo muito mais do que o próprio Iron Man em si, afinal, lá não tem montanhas para escalar, riachos e cachoeiras para atravessar, uma mata espetacular te engolindo por completo e o mais bacana de todos, os cachorros correndo atrás de você, deixando assim a aventura completa.
 Ás 14:00 horas, e com um calor intenso, acredito que uns 34 graus fácil, foi dada a largada, e como de costume saí numa boa e comecei á ser ultrapassado por vários atletas, mas como já conheço bem o percurso, sabia que em breve a história mudaria, principalmente com aquele sol escaldante castigando á todos os que lá estavam.
No segundo quilômetro de prova, já no estradão de terra, margeando a mata e os sítios locais, as primeiras subidas começavam a aparecer timidamente e junto com o ar seco e a alta temperatura, sabia que as coisas iam ficar bem difíceis mata adentro. 
Já no quarto quilômetro, os single tracks e as subidas de fato começaram, e como nos dois anos anteriores, comecei á passar alguns apressadinhos desavisados que insistiram em socar a bota na largada.
Muitas eram as subidas, e com a mata um pouco fechada em certos trechos, ganhei vários cortes e hematomas nas pernas e joelhos, mas á medida que a prova ia passando a diversão ia aumentando. 
 Na altura do oitavo quilômetro, uma falta de sinalização fez com que quatro atletas, incluindo eu, nos perdessemos, perdendo assim algumas posições, mas o prejuízo chegou á uns 2 minutos no máximo.
A última subida da torre, judiou bastante, e como de costume, subimos engatinhando enquanto que as panturrilhas explodiam de dor, mas após esta subida, as decidas vieram, e nós que estávamos no pelotão da frente forçamos em um ritmo forte.
 De volta aos sítios, este ano os cachorros timidamente dispararam alguns latidos, ameaçaram um ataque, mas de fato não o fizeram. Acredito que o calor era tão grande que aqueles pobres animais, que lá estavam apenas defendendo seu território,   onde várias pessoas malucas correndo estavam invadindo, não tiveram forças para intimidar nós atletas, mas confesso que desta forma foi bem melhor.


Faltando 2 quilômetros enquanto corria forte ao lado de outro atleta, disputando a posição acirradamente passo a passo, um rapaz de bicicleta passou e disse que estávamos em quinto logar no geral, e isso me motivou a forçar ainda mais, mas para meu azar, o parceiro ao lado pensou da mesma forma, sendo assim, continuamos forçando pau a pau na disputa pela quinta colocação geral.
Com tinha uma grande prova pela frente sabia que era besteira, me matar, e correr o risco de uma contusão, jogando assim dezenas de treinamentos pelos ares, mas como diz o nome, estamos em uma prova de corrida, e a adrenalina naquele momento com certeza fala mais alto. 
No último quilometro, baixei um pouco o ritmo, pois sabia que meu parceiro também estava cansado, e ao perceber que ele me acompanhou, esperei trezentos metros, assim sendo, nos setecentos metros finais, forcei o máximo que pude, e para minha sorte o atleta ao lado não acompanhou o ritmo.
No final fechei a prova em 01:06:37 na 5. colocação geral entre 174 atletas e 2. colocação na categoria entre 22 atletas.
Mais uma vez, a Corrida das Torres em Bertioga, proporcionou 12 quilômetros de muita diversão, calor, e um envolvimento inexplicável com a natureza.
Façam o bem uns aos outros.



quinta-feira, 11 de abril de 2013

COPA PAULISTA DE CORRIDAS DE MONTANHA - ETAPA PARANAPIACABA

No último dia 30, pude sentir mais uma vez a emoção de participar de uma prova de trail run.....e que prova.
Digna de filmes de indiana jones, a etapa de Paranapiacaba da Copa Paulista de Corridas de Montanha, foi puro desafio, adrenalina e diversão.
Como venho me preparando para o Iron Man Brasil mês que vem, fiz a prova com o intuito de sair um pouco da "bitolagem" que são os treinos para o Iron, e fazer o que mais gosto que é me divertir perdido na natureza.
Antes da largada, a organização da prova informou que a prova longa mudaria de 12 km para 14 km, ou seja, 2 km á mais de diversão, e isso por si só já vale a viagem.
Ás 15:00 horas, em um calor brabo, foi dada a largada, e de imediato já entramos no estradão de terra e no km 2 entramos em um rio e posso dizer que não me divertia tanto desde o Cruce de Los Andes no Chile.
Percorremos 800m rio adentro, caindo na água, dando caneladas em pedras e troncos, se enroscando em árvores, e lamentando por ser apenas 800 metros e não muito mais.
Após o rio, as coisas começaram a se complicar, e as fortes subidas vieram pra valer, deixando as panturrilhas ardendo á beça.
Já nas descidas, o terreno era lama pura, devido á fortes chuvas no decorrer da semana, mas o mais complicado eram as imensas fissuras e erosões no solo, deixando o percurso bastante técnico.
No final, corremos uns 3 km em descida no estradão, e quando imprimi um ritmo legal, o gel de carboidrato não caiu bem, e o estomago estava dando sinal de alerta, mas após uns três minutos as coisas melhoraram um pouquinho, e assim consegui passar mais alguns atletas no final, fechando a prova em 01:19:10, conquistando a 6. colocação na categoria e 15. colocação geral entre 244 atletas.
Agora é fazer logo o Iron Man, mas com a cabeça na Jungle Marathon em Outubro, dentro da Selva Amazônica, se tudo der certo será o maior desafio da minha vida e a aventura mais insana também.
Que venham aranhas, cobras, jacarés e tudo o mais.
Façam o bem uns aos outros.





sexta-feira, 15 de março de 2013

COPA PAULISTA DE CORRIDAS DE MONTANHA - 2. ETAPA MOGI DAS CRUZES


Ainda me sentindo um verdadeiro bagaço do Cruce de Los Andes, e iniciando os treinos para o Iron Man Brasil “já” em Maio, resolvi voltar logo para a diversão e me inscrevi para a segunda etapa da Copa Paulista de Corridas de Montanha, prova realizada no famoso Pico do Urubu em Mogi das Cruzes.

Estava um pouco preocupado, afinal seriam 12 quilômetros com uma subida monstruosa pela frente, e sentia o cansaço acumulado da prova nos Andes. Quando fiz um aquecimento antes da prova, me sentia totalmente travado, mas sabia que no momento que soasse aquela famosa buzina indicando a largada, seria pernas pra que te quero, e que se lasque o cansaço e dor.

Como já conheço todo o percurso, sabia exatamente o que fazer, para pelo menos completar a prova bem.

O primeiro quilômetro em descida, fui tranqüilo, enquanto muito atletas me passavam, literalmente descendo a bota, mas eu sabia que o preço a ser pago na subida seria alto.

Ao chegar no temível pico do urubu, todo mundo subia quase que engatinhando bufando desesperadamente, á procura de uma quantidade de ar maior que á suportada por seus pulmões.

Eu também estava mal, mas conseguia seguir no ritmo da galera, e sabia que após a subida existiam inúmeras descidas técnicas, e com certeza tiraria proveito disto.

Já no topo, pude avistar aquela vista MARAVILHOSA da cidade de Mogi das Cruzes, e como de costume, agradeci á Deus, por aquela oportunidade única e á partir daí literalmente “desci a bota” naquelas descidas por entre a mata fechada.

Como disse anteriormente, já conhecia o local, e forcei bastante, ultrapassando vários atletas que seguravam um pouco o ritmo, afinal, o risco de um belo tombo e possível lesão era grande.

No último quilômetro encaramos uma subida forte novamente e quando olhei para trás, uns cinco atletas vinham em minha cola, mas assim como eu, todos estavam bem estragados e consegui manter minha posição.

No final fechei a prova em 01:22:39 na terceira colocação na categoria, entre 15 atletas, totalmente acabado, mas a diversão por estar naquela natureza tão linda vale muito mais do que qualquer sofrimento ou dor.

Agora que venha o Iron Man novamente, afinal, tenho 16 horas para cruzar a linha de chegada.

Façam o bem uns aos outros.

Bons Treinos.

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

EL CRUCE COLUMBIA 2013

Nos dias 08, 09 e 10 de fevereiro participei da prova mais dura, insana, dolorosa mas acima de tudo mais deliciosa prova da minha vida.
Em algum lugar na imensidão da Cordilheira dos Andes, a Ultramaratona Cruce de Los Andes, ultramaratona de Montanhas que consiste em aproximadamente 102 km em 3 dias de puro sofrimento, superação e inspiração á vida.
Após correr 71km em Canela, achei que estava preparado para ao menos sobreviver aos perrengues que encontraria nos Andes chilenos e argentinos.
  1. Dia (29 km)
Ás 7:30 da manhã, eu e meus 2 parceiros Carlos e Toni pegamos o translado até os arredores do vulcão Villarica na linda cidade de Pucón para em seguida darmos a largada do primeiro dia de prova.
Como o ônibus parou á 2 quilômetros da largadas, caminhamos em uma subida íngreme, e mesmo antes de começar a prova, já pude sentir a falta de ar. Imediatamente pensei se estaria apto á realizar o grande desafio, mas ao pensar mais um pouquinho, desencanei de vez, afinal eu sabia que estava lá com o intuito único e exclusivo de me divertir acima de tudo, então caminhei até o pórtico de largada e não via a hora de começar logo a brincadeira.
Dada a largada, logo de ínicio pegamos muito trânsito durante os longos single tracks, o qual muitos atletas caminhavam, dificultando a ultrapassagem e consequentemente um ritmo legal de prova.
Durante os 8 primeiros quilômetros o ritmo foi bem lento, mas á partir daí o pessoal começou á se separar, mas para nosso azar o sol deu o ar da graça, e sem dó nem piedade, resolveu esquentar cada vez mais, o que venho á dificultar cada vez mais, principalmente pelo fato de carregarmos o tempo todo uma mochila nas costas, contendo reservatório de água, comida, kit primeiros socorros, etc.
Talvez o fato de nunca ter corrido com uma mochila, nem ao menos em treinos, tenha vindo á me desgastar bastante, mas á partir do momento em que adentrava em florestas de beleza inigualável, além de riachos que mais lembravam pinturas em quadros, a fadiga   foi por água abaixo e pude curtir cada instante daquele desafio maravilhoso.
Após 03:50:53 fechei os 29 km, literalmente torrando de calor, e quando entrei no microônibus para chegar até o acampamento, apaguei por alguns instantes, mas o banho gelado no rio junto ao acampamento foi o bastante para me reanimar e seguir rumo ao almoço.
 
 
Dia 2 (41 km)
Ao acordar ás 5:00 da manhã, sentia dores em cada milímetro do meu corpo e o primeiro pensamento que venho em minha mente foi “eu não vou agüentar” uma maratona cheia de pirambeira pela frente.
Tomei meu café, e após o translado larguei ao lado do meu amigo Carlos, me esforçando para evitar a cara de sofrimento, mas para meu consolo, para todo mundo que olhava, o sentimento era o mesmo.
Caminhamos por uma longa subida, e após uns 15 minutos, as dores sumiram por um instante, assim sendo, resolvi imprimir um ritmo legal, principalmente nas retas e descidas. Já nas subidas, como não tinha bastões de caminhada (item essencial para este tipo de prova), peguei 2 pedaços de bambu e consegui caminhar da maneira mais rápida possível nas subidas, sempre com o coração quase saindo pela boca.
Corremos por muitas florestas até chegarmos aos arredores do vulcão Quentrupillán, onde corríamos por uma imensidão tão vasta que parecíamos pequeninos seres insignificantes naquele local simplesmente inexplicável, tamanha a beleza cada vez mais inacreditável do local.
Após pegarmos uma subida absurda, no qual víamos no inicio alguns atletas lá no topo, mais parecendo formiguinhas, devido á imensa altura do local, comecei á descer de forma consistente e não acreditei ao ver um vale magnífico ao meu lado direito, parecido com um fiorde neozelandês, e neste instante agradeci á Deus, por ser uma pessoa tão abençoada, apenas pelo simples fato de ter a oportunidade de poder estar ali.
Sentimentos á parte, continuei minha prova e por volta do km 27 entrei em uma linda floresta e conheci um grande amigo argentino chamado Javier, que passou á ser meu parceiro de prova até o fim.
No km 30, um simples descuido fez com que Javier levasse um enorme tombo entre as pedras. Quando olhei para traz, vi o Argentino estirado entre as pedras, e após ajudá-lo a levantar, vias de sangue desciam por seus joelhos, ensangüentando suas canelas de forma assustadora.
Aquele parecia ser o fim da jornada para Javier, mas para meu espanto ele como se numa inexplicável possessão, começou a gritar: Vamos Bruno, Vamos Bruno.
Naquele instante puder comprovar que independente de qualquer rincha existente entre nossos hermanos, uma coisa era certa: os caras tem uma raça assustadora.
Corremos em um ritmo firme um puxando o outro até o km 38, quando Javier sentiu um pouco as dores causadas pelos hematomas no joelho, mas com muita conversa e até certos instantes alguns gritos de incentivo, consegui incentivar o Argentino até o final da etapa, o qual fechamos em boas 05:38:53.
Cheguei completamente estragado no final, e ao olhas para Javier via ele no mesmo estado, todo sujo e cheio de sangue, e cheguei á conclusão, que conseguimos vencer mais uma guerra.
Com o tempo esfriando, cheguei no acampamento dois e tomei um banho em uma corredeira hiper gelada, e após um almoço de leão, entrei na barraca e dormi.
 
Dia 3 (28 km)
Mais uma vez acordei mal, devido ao imenso desgaste dos dias anteriores e tembém pelo fato de dormir na barraca de camping em um incorfortavel saco de dormir.
Desta vez, tinha plena convicção que seria impossível, correr mais um dia, afinal, as dores eram incontáveis pelo corpo todo.
Após o café, pegamos o ônibus até a largada, e ao chegarmos no local por volta das 6:30 uma imensa fogueira esquentava os atletas do frio intenso que se fazia presente.
Por volta das 06:50, larguei ao lado de meu parceiro Carlos e de meu outro parceiro Elder, e começamos de forma vagarosa, afinal as pernas estavam estragadas por completo.
Por incrível que pareça, após uns 15 minutos o corpo esquentou e começamos á correr melhor, onde mais uma vez, encaramos algumas florestas recheadas de subidas íngremes.
Ao lado do Élder, imprimimos um ritmo bacana, e começamos á passar alguns atletas, mas durante ás inúmeras subidas nos distanciamos um pouco.
O clima começou á piorar, e próximo ao vulcão Lanín, a temperatura baixou de vez, sendo que alguns atletas disseram sentir sensação aproximada de 0 graus.
Como o frio estava apertando, e sabia que este era o último dia, comecei á forçar o ritmo e fazer minha melhor etapa entre as três, ultrapassando muitos atletas durante o percurso bastante técnico, repleto de subidas, pedras e outros obstáculos.
Em seguida, entramos em uma floresta com uns 6 km de descida, então pude correr forte e confesso que me diverti pacas, afinal, não aquentava mais intermináveis subidas durante os 3 dias.
Por volta do km 26 chegamos á divisa com a Argentina, e no meio da prova, retiramos nosso passaporte para receberem o carimbo e em seguida entrarmos no país vizinho.
No momento em que entrei na Argentina, tive uma surpresa, afinal ouvi um grito do meu nome, e quando olhei para o lado, era o Javier, o Argentino maluco imprimindo um ritmo forte e gritando o tempo todo para eu acompanhá-lo. Por alguns minutos consegui acompanhar o cara, mas ele estava muito forte e fui ficando, e isso foi motivo para levar uns 3 sermões do cara, mas no terceiro disse para ele que não agüentava mais, e que o encontraria na chegada.
No final fechei o último dia em 03:19:11, feliz da vida, não só por completar a prova, como por fechar um dia tão bem e como conseqüência fechar a prova em 12:48:57 na 70. colocação, dentre os 767 atletas que completaram a prova na categoria solo.
Recebi um abraço do Javier, e o parabenizei pela sua raça fora do comum.
Agradeço á Deus pela experiência MARAVILHOSA, que tive durante estes três dias, e parabenizo á todos os guerreiros que participaram desta aventura inexplicável, principalmente os amigos que fiz: Toni (Conservanti), Carlos, Amanda, Elder, Javier, Saulo, Tramontina, Rosália, Fê, Erica, os kras do Bope e muitos outros que peço desculpas por não lembrar o nome agora. Um abraço galera, e espero velos em uma nova aventura em breve.
Agradeço principalmente minha Mãe, minha Noiva Daiane, meus amigos e minha treinadora Cris Carvalho.
Em maio tem o Iron Man, mas com o pensamento na Jungle Marathon na Floresta Amazônica em Outubro (será que dá?)
Façam o bem uns aos outros.
Bons treinos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ULTRAMARATONA DE MONTANHA - X-RUN 60 K

 
Realizada no dia 08 de Dezembro de 2012, a Ultramaratona de Montanha, X-Run 60K foi realizada na bela cidade de Canela no estado do Rio Grande do Sul, e marcou o final de 2012, como uma das provas mais sofridas que já participei em toda minha vida.

Como já havia participado de uma ultramaratona de 56 km na África do Sul, achava que poderia realizar bem esta prova, afinal eram apenas 4 km á mais. Seguindo esta linha de raciocínio, não levei em conta o principal detalhe que difere muito as duas provas, ou seja, o tipo de piso, afinal correr 56 km no asfalto é uma coisa, e correr 60 km em montanhas, repletas de subidas, buracos, pedras, raízes e mata fechada, é outra completamente diferente, e porque não dizer, absurdamente pior.

Apenas com o intuito de realizar mais um sonho de completar minha segunda ultramaratona, sendo esta a primeira em montanha, ouvimos a buzina de largada por volta das 08:30 da manhã abaixo de uma garoa gelada, típica daquela região.

Devido ao clima nos dias anteriores, e da garoa antes da largada, tomei a decisão mais errônea da minha vida, ao escolher um tênis de trilha (com cravos) para fazer a prova.

Para meu azar após uns 10 minutos de prova, o sol deu o ar da graça e as estradas de terra estavam totalmente secas, e o tênis passou á ser um terrível incomodo, pois alem de segurar minha passada, o mesmo acabou literalmente “estuprando” meus pés.

Diferente dos outros atletas, corri sem apoio, e levei toda minha suplementação e um squeeze com água na mão, e cruzei o primeiro terço da prova, ou seja, o km 20 na terceira colocação geral com o tempo de 01:43:00, sentindo-se super bem independente de já ter encarado algumas subidas sofríveis, mas após isso o pior aconteceu.

Por volta do km 21, juntamente com outro atleta, me perdi trilha adentro e acabamos entrando em uma mata fechada, sem ter o que fazer, afinal, não sabíamos se estávamos no caminho certo ou não.

Após corrermos 5,5km no caminho errado, discutimos bastante e resolvemos voltar, mas neste instante o sentimento de revolta dominou meu lado psicológico, e como a prova já tinha ido para o espaço, queria somente encontrar o caminho novamente e abandonar a prova, pois não tinha mais motivação nenhuma para continuar.

Quando encontramos o caminho certo novamente, perdemos aproximadamente 01:15:00, e sem apoio nenhum, pensei bastante e lembrei de todo o esforço que fiz para chegar lá, todos os treinos exaustivos, além do fato de realizar um sonho até então impossível, pelo menos para mim.

Segui em frente, totalmente desmotivado, e já entre os últimos colocados, até o momento em que encontramos uma atleta de Porto Alegre, que ao longo de seus 49 anos seguia firme e forte pelas trilhas que neste instante recebiam um calor avassalador de 36 graus.

Ao chegar próximo ao seu carro de apoio, o atleta que estava comigo, fez toda sua suplementação e se deu ao luxo de trocar seu par de tênis para seguir em frente, e como estava todo ”destruído” resolvi continuar a prova ao lado da atleta, que virou uma grande amiga, afinal, estávamos mal, mas independente disto fomos batendo um longo papo durante á tarde toda.

Corríamos um pouco, e andávamos também, sempre admirando a paisagem e rezando para aquele sofrimento acabar logo, afinal, o sol estava nos desgastando cada vez mais.

Como tinha me perdido no caminho, corri 11 km á mais, e por volta do km 45, não suportava mais ingerir gel de carboidrato e o sentimento de náusea e diarréia foi intenso, fazendo com que eu parasse diversas vezes, para depois continuar seguindo em frente.

Acredito que nos próximos 36 km o que mais pensei foi em nunca mais encarar um absurdo desses, e continuar minha vida tranqüila em triathlons e maratonas de rua.

À todo instante falava com minha amiga, que nunca mais na vida faria uma loucura dessas, e é claro ouvia a mesma coisa como resposta.

Por volta do km 50 (61 já percorrido), alcançamos um atleta, que estava muito mal, caminhando pela trilha.

Juntamos os três, e seguimos conversando bastante, totalmente acabados, e acredito que nossas forças vinham das piadas que contávamos para tentar descontrair aquele clima deplorável que assolava nossos corpos.

Aprendi uma coisa muito bacana em ultramaratonas, que diferente do triathlon, um esporte elitizado, onde a maioria dos atletas exibem suas bikes caríssimas e nem ao mesmo olham na sua cara para lhe cumprimentar, nas ultramaratonas, todos são camaradas, principalmente após 6 horas de prova onde todos estão em estado deplorável, mas estão ali, prontos para ajudar uns aos outros, e na linha de chegada, todos esperando para lhe cumprimentar com um caloroso abraço e poder compartilhar histórias de atletas que da mesma forma que são fortes, também são como “pintos no lixo” após desafiarem todos os limites de seu corpo e cruzar a linha de chegada em estado deplorável, mas mesmo assim com um sorriso no rosto.

No final, cruzamos a linha de chegada em 08:20:00 de prova, por volta das 16:50:00 da tarde com um sol insuportável na cabeça, e como foi bacana ver toda aquela turma de atletas “dementes” nos esperando para nos cumprimentar, ajudar e dar muitas risadas conosco.

Fiquei com o pessoal apenas uns quinze minutos e voltei para a pousada, afinal, precisava urgentemente de um banheiro.

Fiquei feliz da vida por realizar um feito em minha vida que não tem preço, com uma sensação sem explicação, sensação esta que nenhuma conquista material pode igualar, onde acima de tudo pude aprender bastante com meus erros, adquirir uma experiência monstruosa e principalmente á respeitar a natureza.

À todo momento pensava em nunca mais realizar uma prova destas, mas como estou escrevendo esta resenha 20 dias depois da prova posso dizer apenas uma coisa: - Eu não vejo a hora de fazer outra, e esta já está com data marcada.

Dia 06/02/2013 vou participar da Cruce de Los Andes “Desafio de Los Volcanes”, prova de 105 km em 3 dias largando na Cordilheira dos Andes no Chile, chegando até a Argentina.

Agradeço á todos os amigos, minha família e minha treinadora Cris Carvalho.

Abraço á todos e bons treinos.

 

 

 




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

REI DA MONTANHA 2012





 No último sábado dia 22, tive o prazer de participar de mais uma prova que vem se tornando minha maior diversão ultimamente, ou seja, as corridas de montanha.

Realizada na cidade de Mogi das Cruzes, no distrito rural de Sabaúna,     local bem conhecido por mim, afinal já disputei 2 etapas da Copa Paulista de Mountaim Bike, por aquelas matas, a prova consistia em 3km, 7km, 21km (revezamento) e 21km solo.
Participando dos 21 km (1/2 Maratona) solo, encarei a "pedreira" um pouco acima do meu peso, o que acabou dificultando um pouco as coisas, devido á várias subidas existentes no percurso de 7 km, circuito este o qual tive que dar 3 doloridas voltas.
Durante o aquecimento antes da largada, já senti um pouco o excesso de peso, mas o fato da mesma ser ás 14:00 horas com um pouco de sol, este talvez foi a maior dificuldade inicial, mas pelo que aprendo a cada prova trilheira que venho fazendo, se não for o mais difícil possível, acredito que acaba perdendo a graça. Como é bom sentir-se  preso, sozinho dentre a natureza, e saber que ela está olhando para você e pensando: - Cara, hoje eu vou fazer você sofrer! Mas que no fundo ela está feliz por estarmos lá se divertindo ao seu lado.


 Logo na largada, encaramos uma subida, para testar os nervos dos que lá estavam, e em seguida entramos no estradão de terra, onde pude imprimir um ritmo confortável, enquanto muitos forçavam bastante, e é claro, pagariam caro mais afrente.
Na primeira subida longa, comecei ultrapassar alguns atletas, e percebi que independente do excesso de peso, estava com um condicionamento legal para aquele tipo de terreno.
Por volta do quinto quilômetro, uma descida insana, fez com que as coxas ardessem bastante, por incrível que pareça, mas o que mais preocupava era a atenção constante, afinal um escorregão naquele local, fazia um estrago bem grande. Fato este ocorrido entre algum atletas menos atentos no decorrer da prova.
 Após a última subida do percurso, entramos em uma estradinha entre uma imensa área completamente infestada de árvores de eucalipto, e a falta de ar fruto da fadiga e principalmente das subidas, era regenerada com aquele ar puro e refrescante, enquanto na maioria das vezes sozinhos, respirávamos aquele ar puro e ouvíamos nossos passos solitários, chocando-se com as folhas secas que se encontravam na estradinha de terra, ou seja, SENSAÇÃO INEXPLICÁVEL, que dinheiro algum paga.
Diversão á parte, completei a primeira volta, e enquanto os atletas da prova de 7 quilômetros recebiam os louros da conquista, eu sabia que ainda tinha mais duas doloridas voltas pela frente, ou seja, sorte a minha, afinal, tinha mais duas voltas de aventura e curtição por entre aquele local mágico.

Já na segunda volta, muitos atletas que ousaraam na tática de forçar a barra no início, pagavam caro, com a falta de condicionamento e o cansaço intenso, fruto do difícil percurso da prova. Ao chegar nas subidas longas, muitos atletas caminhavam, inclinando suas colunas para frente, se esforçando bastante para chegar ao cume, e voltar ao ritmo de prova.





 Neste instante, consegui tirar proveito da situação, e ultrapassar vários atletas, abrindo certa vantagem, sobre aqueles que exibiam suas habilidades principalmente nos trechos planos.
Como de costume, usei e abusei dos copos de água para molhar o corpo, mas no meio da prova, o tempo virou e o frio chegou para dificultar um pouquinho mais as coisas, afinal, estava totalmente encharcado de água.


Ao fechar a segunda volta (14 km), sabia que tinham mais 7 quilômetros bem sofridos, mas sentia que estava bem, e minha maior preocupação era a distribuição dos atletas por entre o percurso. Por vários trechos corria sozinho e não fazia ideia de que posição estava, mas sabia que estava razoavelmente bem na prova.
As subidas na terceira volta, foram devastadoras para minhas panturrilhas e coxas, mas da mesma forma em que sentia com as dores físicas, uma certa sensação de tristeza tomava conta de mim, afinal, em alguns minutos aquela diversão viria á acabar, e a vontade de continuar me divertindo era grande.
Durante a longa descida, o cuidado foi dobrado, para evitar uma queda, afinal já estava bem desgastado, e uma falsa reação nas pernas não era uma coisa tão difícil de acontecer.



Após a última subida, joguei 2 copos de água no corpo, independente do frio que estava piorando cada vez mais, e dei um gás no ultimo quilômetro para fechar a prova bem.
Após 01:42:11 fechei minha primeira Meia Maratona em Corrida de Montanhas, feliz da vida, conquistando o 6. lugar geral, dentre 46 atletas que participaram da distância. Fiquei mais feliz ainda ao saber que atletas de elite estavam entre os cinco primeiros no pódium, que desta vez bateu na trave. Mas como posso me lamentar, se mais uma vez fui abençoado por estar em lugar tão lindo, tendo a oportunidade de fazer uma das coisas que mais gosto na vida.
Obrigado Deus mais uma vez por este dia, e parabéns á todos os atletas que estavam ao meu lado desfrutando daquela natureza mágica.
Vamo que vamo, que em breve tem mais.
Bons treinos á todos e FAÇAM O BEM UNS AOS OUTROS.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CORRIDA DAS TORRES 2012

                      CORRIDA DAS TORRES 2012




Olá pessoal, no dia 04 de agosto de 2012, tive a oportunidade de voltar a me "divertir" em meu playground favorito, ou seja, as montanhas cheias de trilhas, raizes, lama, cachoeiras, e muito perrengue.
Além das subidas fortes em montanha, o sol escaldante foi o tempero adicional, no que se refere á dificuldades aos atletas participantes, afinal a largada foi realizada em um sábado ás 14:00 horas.
Dada a largada, larguei meio cauteloso, pois tinha comido um pouco além da conta, e estava preocupado com um possível desconforto estomacal, mas após uns 5 minutos de prova, fui me sentindo cada vez melhor, e assim imprimindo um ritmo bacana por entre as estradas de terra, enquanto entravamos mato adentro.
No terceiro quilômetro as primeiras subidas começaram a aparecer, desacelerando os menos preparados para aquele tipo de dificuldade e quando chegamos no quilometro 5, as subidas fortes vieram, impossibilitando darmos continuidade á corrida, tendo que caminhar morro acima, enquanto nossas colunas estalavam de dor, e o que dizer então das panturrilhas, que ardiam que nem pimenta forte...rs
O sol forte castigava os que lá estavam, e as intermináveis subidas eram as culpadas pelas assustadoras respirações ofegantes de todos. Mas como tudo tem um lado bom, após as subidas, vinham as descidas e podíamos nos divertir bastante desviando de galhos, raízes, pulando riachos....ou seja, a mais pura diversão.
Após o trecho técnico, vinha o estradão novamente, e ao contrário do ano passado, os cachorros não vieram atrás para morder nossas canelas, mas os latidos estridentes não faltaram.
Os últimos 3 quilômetros de prova foram no estradão de terra, e independente do sol forte, consegui manter um ritmo bom, e ultrapassar alguns atletas, para no final fechar os 12 quilômetros em 01:05:41, conquistando a primeira colocação em minha categoria, dentre os 27 atletas da mesma, e a décima colocação geral entre 169 atletas.
Agradeço á Deus, mais uma vez pela saúde que recebo á cada dia e principalmente por mais esta diversão, que sem dúvida, não tem preço.
Peço á todos que ao menos possam  se divertir mais e deixar de ficar se lamentando da vida, ou assim como dizia Raul Seixas:
EU QUE NÃO ME SENTO NO TRONO DE UM APARTAMENTO, COM A BOCA ESCANCARADA CHEIA DE DENTES ESPERANDO A MORTE CHEGAR.
Bons treinos á todos e FAÇAM O BEM UNS AOS OUTROS.