Olá pessoal.....
No dia 30 de Maio de 2015, comecei os treinamentos ara o maior desafio da minha vida, o tão sonhado Atacama Crossing.
Afim, de não dar moleza, e começar pra valer, participei da Ultramaratona de Montanha Endurance 50km na cidade de Mogi das Cruzes.
Juntamente com a Copa Paulista de corridas de montanha, que foi realizada no mesmo dia nas modalidades Curto 8km, Longo 12km e Meia 21km, as etapas longo e meia tinha em seu percurso a temida subida do pico do urubu. Já na ultra, faríamos o percurso do curto, depois o longo, depois a meia e depois mais um trecho em trilha para finalizar o perrengue.
Como já conheço o pico do urubu de outros carnavais, sabia que iria passar por maus bocados, mas minha intenção era a de realizar um baita treino, entrar naquela mata e me divertir naquela natureza mágica.
No início da prova larguei bem, empolgado com todos os atletas, afinal, tinham mais de 300 atletas para a prova, mas na ultramaratona apenas 05 contando comigo resolveram encarar o desafio.
Após uns 40 minutos de prova, já iniciamos a subida do pico do urubu, subida essa que lhe proporciona um misto de sofrimento e alegria, pois ao mesmo tempo que o corpo chora a alma engrandece pelo simples fato de estar naquele local inexplicável.
Ao descer o pico, já estava bem desgastado, mas consegui manter um ritmo constante para simplesmente terminar a prova e me animar começar a maratona de treinos para o Atacama.
Em meio á prova, passava alguns atletas e também era ultrapassado constantemente e não sabia ao certo em relação á posição que estava, afinal, como dito anteriormente todas as modalidades estavam juntas.
Após umas três horas de prova, comecei á sentir o sol que beirava uns 34 graus, mas para minha sorte isto era ótimo afinal em breve iria encarar um deserto, ou seja, independente do calor estava animado mesmo já me sentindo acabado.
Como sempre acontece comigo, entramos em uma estrada rural, ao aproximarmos do quilômetro 37 e finalmente os cachorros vieram. Já estava estranhando, afinal, não sei o que acontece quando estou na trilha que atraio os cachorros para o meu lado, seja para brincar, seja para morder.
Desta vez, vieram 02 de médio porte, com tudo, consegui pegar uma garrafinha de água para me defender, como se fosse adiantar alguma coisa, mas para minha sorte passei a mão na cabeça de um, e após isso foi só festa entre nós três. Ainda procurei alguma comida na minha mochila, para alimentá-los, mas só tinha um gel, e com certeza iria precisar do mesmo até o final da prova.
Brincadeiras á parte, terminei a prova que tinha o percurso menor, "apenas 42 km" completamente esgotado em 04:02:42 conquistando a terceira posição geral.
Fiquei super feliz com o pódium, mas a maior surpresa da minha vida ainda estava por vir.
Quando cheguei no hotel, com muitas dores musculares, minha esposa me deu a melhor notícia de minha vida, ou seja, a Yasmim vem aí.
Façam o bem uns aos outros!!!!
terça-feira, 27 de outubro de 2015
segunda-feira, 11 de maio de 2015
IRON MAN COZUMEL MÉXICO 2014
IRON MAN COZUMEL - MÉXICO 2014
No dia 30 de Novembro de 2014, participei do meu terceiro Iron Man, mas desta vez, em um local "Mágico de Verdade", afinal, estava nadando em águas caribenhas.
Diferente das outras duas vezes, o qual me sentia em plena forma, e esperava bons resultados antes da largada, desta vez, não estava muito bem preparado, e já esperava um resultado mediano.
Como estava trabalhando bastante não só no meu emprego, como em projetos paralelos, além de estar com a cabeça totalmente focada em mudança para um novo apartamento, não contei com o tempo adequado para me preparar para uma prova desta grandeza, além de já ter cumprido a grande meta do ano que era o La Mision...mas acredito que o meu maior erro foi o fato de nem sequer ter feito um único treino com a bike contra-relógio, ou seja, usei-a no Iron Man Brasil 2013 e um ano e meio depois montei na mesma somente em Cozumel para a largada da prova.
Não me sinto culpado pelo fato, afinal esta decisão foi devido ao medo de assalto nos treinos, assim sendo, fiz todos os treinos de sábado com a minha Speed velha de guerra.
Por mais que sabia que estava mal preparado, antes da largada, não senti aquela tensão absurda, como nas 02 vezes anteriores.
Dada a largada, já fiquei maravilhado ao ver cartazes com mensagens deixadas pela organização no fundo do mar, tamanha era a transparência do mar caribenho.
Devido á temperatura da água, o uso da wet suit estava proibido, fato este que deixou a natação mais lenta, e diferentemente do Iron Man Brasil, o percurso da natação foi 3800 metros em uma perna só, ou seja, direto sem descanso.
Por mais que estivesse mandando uma natação meia boca, era impossível, se sentir cansado, nadando em meio a vários cardumes de peixes azuis e amarelos, podendo observa-los, como se fosse em uma tela com resolução HD.
Após a "diversão" na água, fechei a natação em 01:08:19 e saí para a transição ciente que meu sofrimento estava prestes a começar.
Ao pegar a bike, me posicionei no clip e apenas 10 minutos forma necessários para a dor nas costas vir com tudo.
Em todos os 180 quilômetros do ciclismo, fiquei oscilando entre pedalar no clip e segurar no guidão. Como já era de se esperar, a grande parte do circuito da bike costeia o mar em um sentido com o vento contra.
Nem preciso dizer que comi o pão que o diabo amassou, afinal quando chegava á beira mar, ficava impressionado com praias desertas lindas, mas sofria demais pela falta de treinos e principalmente pela falta de costume na bike.
Em certos instantes, me consolava um pouco ao ver que outros atletas também sofriam um bocado, mas o mais impressionante eram os americanos (50% dos inscritos eram americanos), afinal eles pedalavam como se estivessem se divertindo, ai se existisse exame anti dopping entre os atletas amadores.
Outro fato, injusto foi o vácuo que alguns atletas pegavam atrás de outros atletas, fato este que tive a oportunidade de presenciar, mas consegui resolver com o único recurso que me apareceu no momento.
Um atleta espanhol, vinha se beneficiando do vácuo de alguns atletas e não era punido de forma alguma....quando consegui passá-lo gesticulei com a mão e falei algumas palavras que nem me lembro quais foram agora, mas o pilantra continuou todo pimpão na roda do pessoal. Quando ele ficou na minha roda, deixei ele á vontade....como estava um pouco gripado, esperei o momento certo, dei uma forçada no giro, joguei a bike de lado e em seguida mandei o famoso "sopro do fazendeiro", e tenho certeza absoluta que acertei o cara em cheio. Só sei que estava por volta do km 125 e nunca mais o vi.
Continuei sofrendo contra o vento, mas sem dúvida, curti bastante, afinal em certos instantes soltava gargalhadas comigo mesmo.
Sofri demais no pedal, e fechei os 180 km em 05:58:48, tempo absurdamente alto se comparado com minhas provas anteriores, mas nas anteriores não tive a oportunidade de acertar nenhum gatuno com tamanha maestria.
Brincadeiras á parte, deixei a bike na transição, e ao colocar o tênis, e começar a correr, minha coluna estava totalmente estraçalhada, e as pernas então, nem se fala, ou seja, a falta de treinos com a bike me destruiu completamente.
Saí para correr os 42 quilômetros muito mal, e coloquei como meta chegar nos primeiros 05 quilômetros e andar um pouco, afinal na situação que me encontrava, estava totalmente fora de questão seguir em frente sem parar um pouco.
Chegando no quinto quilômetro, meu corpo estava mal, mas a mente fortalecia aos poucos, então apostei comigo mesmo se seria capaz de chegar até o décimo quilômetro direto, sem andar, e nesse jogo mental, consegui atingir minha meta, e isto aconteceu novamente nos próximos cinco quilômetros.
Quando cheguei na metade da corrida, ou seja, nos 21 quilômetros, estava muito fraco, e com dores pra tudo quanto é lado, mas aquela inexplicável sensação de prazer pela dor começou a tomar conta, e comecei a pensar comigo mesmo que seria uma injustiça total se em algum momento daqueles 42 quilômetros de corrida em parasse para caminhar, afinal não era tolerável Deus me dar duas pernas perfeitas enquanto que algumas pessoas infelizmente nem podem desfrutar disto, eu parar para andar, assim sendo, fui meditando durante toda a corrida, e consegui fechar a maratona em 03:59:15, sem andar durante toda a prova.
No final, fechei o Iron Man Cozumel em 11:17:13, conquistando a 157 colocação dentre 1300 atletas do mundo todo.
Dadas as circunstâncias, fiquei feliz da vida, pois esperava não menos que 12 horas de prova.
Como de costume, enquanto muitas pessoas vão direto para a maca, tomar soro na veia após a prova, eu sentei em uma cadeira e um garotinho mexicano beirando os 14 anos se ofereceu para pegar uma bandeja, com comida e rapidamente pedi ao mesmo que colocasse tudo o que tinha para comer, até pedra seria bem vinda.
Com uma bandeja, linda nas mãos, peguei um pedaço de pizza enorme, e coloquei quase metade dentro da boca, mas quando dei a primeira mastigada, aquela pimenta mexicana fortíssima, acabou com minhas expectativas.
Eu sabia que aquilo não desceria em meu estomago de maneira alguma, mas quando olhei para aquele garotinho mexicano, que se esforçou para me ajudar, com a melhor das intenções possíveis, me olhava de forma tão inocente, engoli aos poucos á pizza, com o intuito de não decepciona-lo. Aquilo desceu como uma bomba Napalm em meu estômago. Tentei fazer uma cara de bons amigos, me levantei da cadeira, cumprimentei aquele garotinho que estava lá para ajudar á todos, com um Mutchas gracias amigo, e fui embora. Que Deus ilumine á vida deste ninho.
Após a prova, pude curtir com minha esposa, 07 dias neste país fantástico, com uma cultura riquíssima e pessoas simples, porém de caráter imenso.
Agradeço á Deus e á todos que torcem por mim mais uma vez.
Nunca desistam dos seus sonhos e vivam a vida a todo instante, afinal ela passa muito depressa.
Façam o bem uns aos outros.
No dia 30 de Novembro de 2014, participei do meu terceiro Iron Man, mas desta vez, em um local "Mágico de Verdade", afinal, estava nadando em águas caribenhas.
Diferente das outras duas vezes, o qual me sentia em plena forma, e esperava bons resultados antes da largada, desta vez, não estava muito bem preparado, e já esperava um resultado mediano.
Como estava trabalhando bastante não só no meu emprego, como em projetos paralelos, além de estar com a cabeça totalmente focada em mudança para um novo apartamento, não contei com o tempo adequado para me preparar para uma prova desta grandeza, além de já ter cumprido a grande meta do ano que era o La Mision...mas acredito que o meu maior erro foi o fato de nem sequer ter feito um único treino com a bike contra-relógio, ou seja, usei-a no Iron Man Brasil 2013 e um ano e meio depois montei na mesma somente em Cozumel para a largada da prova.
Não me sinto culpado pelo fato, afinal esta decisão foi devido ao medo de assalto nos treinos, assim sendo, fiz todos os treinos de sábado com a minha Speed velha de guerra.
Por mais que sabia que estava mal preparado, antes da largada, não senti aquela tensão absurda, como nas 02 vezes anteriores.
Dada a largada, já fiquei maravilhado ao ver cartazes com mensagens deixadas pela organização no fundo do mar, tamanha era a transparência do mar caribenho.
Devido á temperatura da água, o uso da wet suit estava proibido, fato este que deixou a natação mais lenta, e diferentemente do Iron Man Brasil, o percurso da natação foi 3800 metros em uma perna só, ou seja, direto sem descanso.
Por mais que estivesse mandando uma natação meia boca, era impossível, se sentir cansado, nadando em meio a vários cardumes de peixes azuis e amarelos, podendo observa-los, como se fosse em uma tela com resolução HD.
Após a "diversão" na água, fechei a natação em 01:08:19 e saí para a transição ciente que meu sofrimento estava prestes a começar.
Ao pegar a bike, me posicionei no clip e apenas 10 minutos forma necessários para a dor nas costas vir com tudo.
Em todos os 180 quilômetros do ciclismo, fiquei oscilando entre pedalar no clip e segurar no guidão. Como já era de se esperar, a grande parte do circuito da bike costeia o mar em um sentido com o vento contra.
Nem preciso dizer que comi o pão que o diabo amassou, afinal quando chegava á beira mar, ficava impressionado com praias desertas lindas, mas sofria demais pela falta de treinos e principalmente pela falta de costume na bike.
Em certos instantes, me consolava um pouco ao ver que outros atletas também sofriam um bocado, mas o mais impressionante eram os americanos (50% dos inscritos eram americanos), afinal eles pedalavam como se estivessem se divertindo, ai se existisse exame anti dopping entre os atletas amadores.
Outro fato, injusto foi o vácuo que alguns atletas pegavam atrás de outros atletas, fato este que tive a oportunidade de presenciar, mas consegui resolver com o único recurso que me apareceu no momento.
Um atleta espanhol, vinha se beneficiando do vácuo de alguns atletas e não era punido de forma alguma....quando consegui passá-lo gesticulei com a mão e falei algumas palavras que nem me lembro quais foram agora, mas o pilantra continuou todo pimpão na roda do pessoal. Quando ele ficou na minha roda, deixei ele á vontade....como estava um pouco gripado, esperei o momento certo, dei uma forçada no giro, joguei a bike de lado e em seguida mandei o famoso "sopro do fazendeiro", e tenho certeza absoluta que acertei o cara em cheio. Só sei que estava por volta do km 125 e nunca mais o vi.
Continuei sofrendo contra o vento, mas sem dúvida, curti bastante, afinal em certos instantes soltava gargalhadas comigo mesmo.
Sofri demais no pedal, e fechei os 180 km em 05:58:48, tempo absurdamente alto se comparado com minhas provas anteriores, mas nas anteriores não tive a oportunidade de acertar nenhum gatuno com tamanha maestria.
Brincadeiras á parte, deixei a bike na transição, e ao colocar o tênis, e começar a correr, minha coluna estava totalmente estraçalhada, e as pernas então, nem se fala, ou seja, a falta de treinos com a bike me destruiu completamente.
Saí para correr os 42 quilômetros muito mal, e coloquei como meta chegar nos primeiros 05 quilômetros e andar um pouco, afinal na situação que me encontrava, estava totalmente fora de questão seguir em frente sem parar um pouco.
Chegando no quinto quilômetro, meu corpo estava mal, mas a mente fortalecia aos poucos, então apostei comigo mesmo se seria capaz de chegar até o décimo quilômetro direto, sem andar, e nesse jogo mental, consegui atingir minha meta, e isto aconteceu novamente nos próximos cinco quilômetros.
Quando cheguei na metade da corrida, ou seja, nos 21 quilômetros, estava muito fraco, e com dores pra tudo quanto é lado, mas aquela inexplicável sensação de prazer pela dor começou a tomar conta, e comecei a pensar comigo mesmo que seria uma injustiça total se em algum momento daqueles 42 quilômetros de corrida em parasse para caminhar, afinal não era tolerável Deus me dar duas pernas perfeitas enquanto que algumas pessoas infelizmente nem podem desfrutar disto, eu parar para andar, assim sendo, fui meditando durante toda a corrida, e consegui fechar a maratona em 03:59:15, sem andar durante toda a prova.
No final, fechei o Iron Man Cozumel em 11:17:13, conquistando a 157 colocação dentre 1300 atletas do mundo todo.
Dadas as circunstâncias, fiquei feliz da vida, pois esperava não menos que 12 horas de prova.
Como de costume, enquanto muitas pessoas vão direto para a maca, tomar soro na veia após a prova, eu sentei em uma cadeira e um garotinho mexicano beirando os 14 anos se ofereceu para pegar uma bandeja, com comida e rapidamente pedi ao mesmo que colocasse tudo o que tinha para comer, até pedra seria bem vinda.
Com uma bandeja, linda nas mãos, peguei um pedaço de pizza enorme, e coloquei quase metade dentro da boca, mas quando dei a primeira mastigada, aquela pimenta mexicana fortíssima, acabou com minhas expectativas.
Eu sabia que aquilo não desceria em meu estomago de maneira alguma, mas quando olhei para aquele garotinho mexicano, que se esforçou para me ajudar, com a melhor das intenções possíveis, me olhava de forma tão inocente, engoli aos poucos á pizza, com o intuito de não decepciona-lo. Aquilo desceu como uma bomba Napalm em meu estômago. Tentei fazer uma cara de bons amigos, me levantei da cadeira, cumprimentei aquele garotinho que estava lá para ajudar á todos, com um Mutchas gracias amigo, e fui embora. Que Deus ilumine á vida deste ninho.
Após a prova, pude curtir com minha esposa, 07 dias neste país fantástico, com uma cultura riquíssima e pessoas simples, porém de caráter imenso.
Agradeço á Deus e á todos que torcem por mim mais uma vez.
Nunca desistam dos seus sonhos e vivam a vida a todo instante, afinal ela passa muito depressa.
Façam o bem uns aos outros.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
LA MISION 2014
Olá pessoal, após muito tempo resolvi voltar a escrever no blog, e poder compartilhar uma experiência inigualável em minha vida, experiência esta que ocorreu na cidade de Passa Quatro em Minas Gerais no dia 09 de Agosto de 2014.
Durante a prova, minha maior preocupação era o peso da mochila, afinal não receberíamos nenhum auxílio durante a prova, exceto 2 postos de água.
Durante o dia o sol resolveu esquentar o que acabou dificultando nosso primeiro desafio, a montanha Tijuco Preto com sofríveis 2350 metros de altura.
Em 2013 já tinha participado desta prova, e por motivos emocionais tive que abandoná-la no km 50 (Relato no blog).
Em todos esses anos de corrida, nunca tinha abandonado uma prova antes, e por mais que ache que tenha tomado a atitude certa, posso dizer que a sensação de derrota para comigo mesmo, caminhou ao meu lado por um ano.
Um ano em que sempre pensava que era capaz de superar aquele desafio, e que devia me preparar para voltar lá, não para desafiar a natureza....natureza esta que mostrou toda a sua grandiosidade perante nós atletas..... mas sim para voltar lá, pedir licença á ela e poder desfrutar de uma energia divina que somente ela pode nos proporcionar, e principalmente agradecê-la por me dar a oportunidade de poder voltar aquele lugar mágico.
Desta vez, treinei de verdade e estava psicologicamente preparado, afinal, já sabia o que encontraria pela frente.
Dada a largada, comecei preocupado com uma dor incômoda no joelho que me acompanhava á dias, mas uns 30 minutos foram necessários para o sangue esquentar e o incômodo ir embora.Durante a prova, minha maior preocupação era o peso da mochila, afinal não receberíamos nenhum auxílio durante a prova, exceto 2 postos de água.
Durante o dia o sol resolveu esquentar o que acabou dificultando nosso primeiro desafio, a montanha Tijuco Preto com sofríveis 2350 metros de altura.
Para os atletas que fariam a prova de 40 km, este seria o desafio maior, já para nós que faríamos 80 km, este sofrimento era apenas um aviso do perrengue que viria pela frente.
Após algumas horas, terminamos o Tijuco Preto e descemos até o Ponto de controle do Ibama, local este, o qual existia uma pequena torneira d´água, ou seja, um verdadeiro tesouro para os que lá estavam.
Seguindo em frente, o relógio já marcava umas 15 horas, e o sol castigava cada atleta que tentava ao menos trotar pela estrada de terra, com intermináveis subidas.
Mais umas 2 horas foram necessárias para chegarmos até o posto de controle do Paiolinho, posto este o qual a organização checava a saúde dos atletas e após análise desclassificava aqueles que não apresentavam condições físicas e mentais para seguir em frente.
Toda esta esta análise era necessária, pois o montanha mais difícil estava por vir, e devido a falta de acesso, os atletas não teriam ajuda dali em diante, e o que mais preocupava á todos era o anoitecer e o frio no cume da montanha, isto sem contar é claro estado dos atletas que em quase toda sua totalidade era bastante debilitado.
Vários atletas chegavam naquele estágio e acabavam desistindo de prosseguir, pois sabiam que correriam um risco muito grande pela frente. Este foi exatamente o meu caso no ano passado, mas posso dizer que este ano estava tão focado no meu objetivo, que cheguei ao local e não conversei muito com os alguns atletas que se encontravam estirados no chão tentando se recuperar para seguir a diante.
Neste posto de controle, abasteci minha mochila, consegui incentivar um amigo a não desistir da prova e após uns 10 minutos segui em frente, pois sabia que em breve chegaria a noite e sem dúvida meus problemas se multiplicariam.
Iniciei assim a temível subida até o cume da Pedra da Mina com 2780 metros de altitude.
No início, subimos por uma floresta com a mata um pouco fechada, o que dificultava um pouco, mas com uma beleza sem igual, que me lembrou bastante minha viagem á Nova Zelândia em um passei que fiz pela floresta que serviu de cenário para as filmagens do filme O Senhor dos Anéis.
Passada a floresta, o sol começou a se pôr, a montanha começou a ficar mais íngreme, a água acabou e o frio chegou de vez.
Para minha sorte, estava com outros três atletas, o que acabou confortando á todos, pela camaradagem ocorrida.
Conforme íamos prosseguindo o cansaço nos desidratava cada vez mais e o ar rarefeito fazia com que caminhasse-mos por uns 50 metros e logo em seguida fazíamos uma parada para respirar.
Após um bom trecho de escalada lenta e sofrida, ouvimos o barulho de água e não acreditávamos que aquele bem tão valioso aparecera para nós. Naquele instante, percebi que na vida, em determinados momentos, dinheiro algum pode nos salvar e que as coisas mais simples tem um valor imenso, coisas estas que infelizmente grande parte das pessoas fingem não ver ou acreditar.
Naquele instante o termômetro marcava 10 graus, e a água estava super gelada, mas no estado lastimável que nós quatro nos encontrávamos, nem percebemos tal fato.
Já com as lanternas acessas, a noite finalmente caiu , assim sendo seguimos em frente, e foi aí que o verdadeiro perrengue começou, afinal, o ar começava a faltar cada vez mais, dificultando a oxigenação cerebral, e uma sensação ruim se iniciou.
Naquele trecho, tínhamos que escalar uma pedra, com uma corda que se encontrava presa na mesma. Sabíamos que estávamos ao lado de 02 precipícios, mas que se importava, afinal estava tudo escuro, não enxergávamos lá embaixo, e não estávamos com a consciência 100 %.
Um parceiro que estava conosco chegou á ouvir estranhas gargalhadas de bruxas, já no meu caso, ouvi o galope de alguns cavalos, mas fui consolado por meus amigos, que insistiam em dizer que seria impossível um cavalo subir até aquele local.
Loucuras á parte, seguimos em frente vagarosamente, como uma equipe, e o mais impressionante era que aqueles quatro caras estavam sofrendo, mas ao mesmo tempo, se divertindo realizando um feito único em suas vidas.
No cume da montanha, o termômetro marca -2 graus e três alpinistas argentinos estavam acampados, oferecendo auxílio aos atletas, sendo que alguns deles, resolveram acampar naquele local, para descer somente quando o sol nascesse, temendo o pior durante a descida que além de extremamente técnica era muito perigosa.
No nosso caso, descemos dado auxilio uns aos outros, e neste instante cada um se despediu e imprimiu o seu ritmo.
Neste momento resolvi ficar sozinho, afinal passamos por algumas nuvens e quando meu relógio marcava exatas 1 hora da manhã, a lua cheia me presenteou com sua imponência, iluminado um pouco aquela natureza mágica, que insistia em acolher um ser que estava lá apenas para viver momentos inexplicáveis, fazendo com sua vida realmente valha a pena ser vivida. Obrigado Deus, por essa experiência divina.
Passando a parte íngreme, iniciaram se as trilhas técnicas, e neste instante consegui trotar um pouco e curtir ainda mais a prova, sendo que uma hora depois, saí da montanha e entrei em uma floresta para seguir trotando pela mata, até encontrar novamente um riacho.
Estava tão debilitado, com inúmeras cãibras, muito cansado, com os pé estraçalhados por causa das pedras, que nem ao menos pensei na procedência daquela água e fui logo bebendo a mesma com toda a vontade do mundo.
Sabe-se lá porque, aquela água fez com que as forças até então inexistentes voltassem. Após o riacho, iniciou o trecho final da prova, uma estrada rural de terra, e para minha sorte eu sabia que de uma vez por todas ia vencer aquele medo que me assombrou por um ano inteiro. Talvez por este motivo, Deus fez questão de renovar minhas forças, e limpar o céu, colocando aquela lua cheia imensa, rodeada por incontáveis estrelas no céu, o que iluminou a estrada para aquele final de prova sem igual.
Após 74 quilômetros de montanhas, peso nas costas, frio e sede, consegui correr em um ritmo bacana e passar três atletas que apesar de esgotados, lutavam bravamente para chegar ao final.
No último quilômetro, entrei na cidadezinha de Passa Quatro, uma pacata cidade no interior de Minas Gerais.
Meu relógio, marcava 03 horas da madrugada, e lá estava eu, sem palavras, após realizar um feito que dinheiro algum pode comprar, além de provar mais uma vez a mim mesmo, que esta carcaça de 34 anos ainda é capaz de realizar feitos muito maiores e acima de tudo aproveitar esta vida maravilhosa ao máximo como venho fazendo ao longo destes anos.
No final, cruzei o pórtico de chegada com 18 horas e 28 minutos de prova, conquistando a 18 posição geral, dentre 127 atletas, sendo que 49 destes acabaram não conseguindo completar a prova.
Mais uma vez agradeço principalmente á Deus, á minha mãe, minha esposa, e á todos que me ajudaram ao longo desta jornada.
FAÇAM O BEM UNS AOS OUTROS.
Assinar:
Postagens (Atom)