sábado, 9 de junho de 2012

IRON MAN BRASIL 2012


IRON MAN BRASIL 2012




Olá pessoal,
No dia 27 de Maio último, realizei mais uma conquista, e por que não dizer, grande sonho em minha vida.
Após fazer um triathlon olímpico e um 70.3, resolvi encarar meu primeiro Iron Man, em meu terceiro ano de triathlon. A batalha foi árdua, afinal, para quem trabalha das 7:30 ás 18:30 todos os dias, arrumar um tempo para treinar se torna algo muito valioso.
Desde o mês de Fevereiro venho treinando, na medida do possível, visando cruzar o tão sonhado pórtico de chegada. Neste período, abdiquei de muitas coisas, visando me preparar da melhor maneira possível para encarar os 3800 metros de Natação, 180 km de Ciclismo e 42,2 km de Corrida que me separavam daquela cobiçada medalha.
Ao chegar em Florianópolis no dia 25, com muita chuva, assisti ao simpósio para conhecer os macetes da prova, afinal, como marinheiro de primeira viagem, toda dica era bem vinda.
No dia seguinte, resolvi passear por algumas praias próximas á Jurerê Internacional, para arejar um pouco a cabeça, mas ao sair na rua, dezenas de ciclistas testando suas bikes faziam com que minha apreensão e por que não dizer tensão, crescesse ainda mais.Já na parte da tarde, levei minha magrela ao check in e um som estranho no pé de vela, venho a me preocupar ainda mais, mas como não dava tempo pra mais nada, deixei a bike lá e seja o que Deus quisesse no dia seguinte, e para minha sorte ele quis muito para mim.Chegando o grande dia, acordei ás 4:00 da manhã e após o café, fomos até o local da transição, eu minha mãe e meu cunhado, que me ajudou bastante.Já no local, revisei meus equipamentos, e fui aguardando o tempo passar até a hora da largada.A tensão nos instantes que antecediam a largada existia, mas era menor do que eu esperava, afinal, eu tinha 17 horas para completar a prova.
Uns 20 minutos antes da largada, caí na água para um aquecimento, e posso dizer que a temperatura estava ótima.
Após isso, me aglomerei junto á 2200 atletas e exatamente ás 7:00 da manhã, uma sirene de navio deu inicio a grande batalha. Talvez a adrenalina do momento nem me fez pensar em nada, muito menos me emocionar, afinal eu sabia que minha prova começaria pra valer após a natação, pois meu rendimento na água sempre foi muito ruim.
Durante a natação, recebi socos, pontapés, um calcanhar em cheio na cara, capaz de tirar meu óculos, mas nada que me preocupasse.
Fechei a primeira "perna" da natação tranquilo, e na segunda, o pessoal já estava bem espalhado, assim sendo, o contato foi menor, salvo nas boias, onde a pancadaria continuava.
Um pouco cansado, saí do mar e quando olhei em meu relógio, não acreditei ao constatar que havia fechado a natação em 01:06:00, afinal, esperava fechar a mesma em 01:20:00 para cima. Tentei achar minha mãe no meio da multidão mas não consegui, só depois da prova fiquei sabendo que ela chorava ao me ver saindo do mar. Ainda caminhando rumo a primeira transição, ainda não acreditando no tempo da natação, até porque além de nadar mal como dito anteriormente, treinei apenas duas vezes por semana esta modalidade e ainda por cima em uma piscina de 18 metros, e talvez por isso dei uma olhadinha para o céu e disse para "ele": - Hoje é o meu dia!
Após uma transição lenta, saí com a bike e fui pedalando conforme os treinos, me hidratando e alimentando bem, mantendo uma média de 34.5 km/h, média esta que venho á baixar no momento em que começaram as subidas.
Por volta do km 120, as pernas já começaram a pedir água, mas consegui manter o mesmo ritmo, sendo que este venho á quebrar um pouco nas subidas.
Devido ao excesso de gatorade nos staffs, no km 135 estava morrendo de vontade de mijar, e minha bexiga parecia querer explodir, mas independente do perrengue, achei melhor continuar até o final da bike.
Já por volta do km 165 minhas pernas estava moídas, e cada quilometro parecia não passar nunca, o que chegava a preocupar um pouco, afinal eu não aquentava mais ficar em cima da bike.
No final, fechei a bike em 05:28:30, com uma média de 33km/h, tudo conforme os intermináveis longões de sábado.
Na transição da bike, quando desci da mesma, minhas pernas literalmente travaram de caibras. Lentamente estiquei as mesmas e fui caminhando vagarosamente para amenizar o prejuízo. Após uma transição tranquila, fui á um banheiro químico e acredito que fiquei uns 2 minutos urinando, e após isso senti uma sensação de alivio maravilhosa.
Mesmo quebrado, saí para correr tranquilo, pois sabia que chegara a hora de minha maior diversão, mas, com certeza, esta confiança me prejudicou bastante.
Corri os primeiros 5 quilômetros, fazendo 04:30 min/km e já no sexto quilometro as dores vieram de todos os lados.
Já estava bem desidratado, e não conseguia beber e muito menos comer nada, mas durante a corrida, foram 2 gels e pouquíssimos goles de água.

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Por volta do km 10 estava acabado, e continuei a prova praticamente trotando, afinal, não aguentava correr como de costume.
Ao chegar na famosa subida da igrejinha em canasvieiras não aguentei e quebrei, caminhando a subida toda, mas não me preocupei tanto, afinal todo mundo estava caminhando também.
Após a subida, continuei trotando, enquanto via muitos atletas em estado bastante ruim, caminhando pelo percurso.
Em certos instantes, ficava preocupado pelo ritmo lente, afinal, quando saí para correr, pus na cabeça em fechar a prova antes de 11 horas, o que seria um sonho para mim, mas em certo ponto da prova, pensei em simplesmente acabar, afinal, não estou lá para ganhar de ninguém, pois já tenho minha profissão e não dependo daquilo para nada, apenas para me divertir.
Sem me alimentar, as dores aumentavam cada vez mais, mas a cabeça dura de não desistir, me ajudava a seguir a batalha, lentamente mas sempre correndo.
por volta do km 25 meu cunhado Leandro apareceu, e mais a frente minha Mãe também, e o apoio moral que recebi, fez com que seguisse em frente.
No quilometro 38 percebi que conseguiria fechar a prova antes da 11 horas, mas a vontade de parar e caminhar era ainda maior, e por incrível que pareça, minha mãe apareceu novamente e começou a gritar: 
- Não pare de correr, você consegue acabar isso.
Não sei se encarei isso como um incentivo, ou como um sermão, então resolvi continuar para não levar uma dura depois.
No km 39 sabia que tinha uma gordurinha para queimar, e que mesmo assim fecharia a prova sub 11, e no momento em que ia andar um pouco, meu cunhado chegou ao meu lado de bike, e me incentivou incansavelmente para não parar. Não sei se gostei ou se achei ruim, afinal, meus planos de um descansinho rápido foram pelos ares.
No restante da prova, ele foi ao meu lado meu dando uma grande força e assim fomos até o fim.
Ao chegar ao pórtico, o mesmo indicava 10:46:58, e ao olhar aquele cronometro achava que ia chorar ou me emocionar, mas as dores e a fome não fizeram com que eu nem sequer comemorasse á altura.
Aquela sensação de dever cumprido, foi dividida com as dores e a fome, sendo que um médico da prova me enrolou em uma toalha e me levou para tomar soro na veia, mas eu disse á ele que queria comer pois não aguentava mais de tanta fome.
Após uma refeição caprichada: 02 sorvetes, 02 pedaços de pizza, 02 barras de cereal, 01 pedaço de bolo e 01 copo de coca cola, comecei a sentir um frio insuportável, mas fui salvo por uma enfermeira, que ao me ver se debatendo e tremendo os dentes, me enrolou em um cobertor.
Independente do perrengue, adorei completar a prova, principalmente por chegar na posição de 298, entre 2200 atletas.
Agradeço primeiramente á Deus, por tanta saúde, que venho recebendo á cada dia, e principalmente á Minha Mãe pelo apoio desde o dia em que nasci, minha noiva Daiane por estar ao meu lado sempre, meu irmão que independente de estar longe, setá horando por mim sempre, meu outro irmão e cunhado Leandro que me apoiou o tempo todo, meu treinador Felipe Guedes, meus parceiros de treino de bike Zé Luiz e Mário, a galera da natação de Itanhaém e a todas as outras pessoas que não lembro no momento também.
Agora, chega de triathlon, afinal não aguento mais os treinos tão repetitivos. Vou focar ás corridas em trilha e ao Mountaim Bike, minhas grandes paixões e á desafios ainda maiores, afinal se este foi possível, outros maiores também são.
Dizem que todas as alegrias em um Iron Man, se transformam em lágrimas nos Pirineus, será mesmo verdade??????
Abraço á todos os guerreiros que completaram o Iron Man Brasil, e á todos os atletas que á cada dia que passa se beneficia em todos os sentidos desta coisa tão maravilhosa que é o esporte.
Bons Treinos.