domingo, 23 de junho de 2013

IRON MAN BRASIL 2013

Mais uma vez, pude realizar o sonho de completar um Iron Man. Agora um pouquinho mais experiente, pela segunda vez na vida completei os 3800m de natação, 180km de Bike e 42km de Corrida novamente na Ilha de Florianópolis.
Viajei um dia antes da prova, sem muitas expectativas afinal, meu principal objetivo do ano de 2013 já tinha sido alcançado, que era completar a ultramaratona Cruce de Los Andes, mas como já estava inscrito desde o ano passado, tive que me dedicar aos treinos para ao menos completar de forma melhor que no ano anterior.
Desde vez meu staff foi minha noiva, que cuidou de toda a logística, transporte de bike, etc, sendo assim, no sábado apenas retirei meu kit de prova e ao invés de fazer um treino leve, como quase todos os 2000 e poucos atletas estavam fazendo, resolvi passear e na hora do almoço mandei 2 pratos fundos de feijoada com churrasco.
 Continuamos curtindo o restante do dia, sem me estressar com o dia seguinte, afinal, havia treinado bem, e sabia que um dia antes não ia ajudar em nada, se bem que se tivesse comido um pouco menos acredito que as coisas seriam um pouco melhores para meu estomago. 
Na noite pré prova, não consegui dormir quase nada, afinal a adrenalina é gigantesca e por mais que você não queira, é impossível não ficar pensando na manhã seguinte.


Ao acordar ás 04:00 da manhã, tomei umas 5 xícaras de café como de costume e fomos até o local da transição para em breve ouvir o tiro de largada.
A manhã estava fria, mas a adrenalina acabava mascarando a sensação gelada, assim sendo, não via a hora de começar logo a brincadeira.
Após conferir todos os equipamentos, fui até a praia próximo ao local de largada e entrei no mar para um breve aquecimento, enquanto o sol nascia formando uma paisagem inexplicável. 
Naquele instante, nadei uns 10 minutos e saí da água, para em seguida me despedir de minha noiva e entrar na área de largada ao lado de 2200 atletas, que com certeza,  assim como eu, estavam morrendo de ansiedade, não vendo a hora do canhão atirar e consequentemente por em prática o resultado de meses de treinos durante noites, madrugadas, sol e chuva.
Como não tenho uma boa natação fiquei um pouco afastado do pessoal e quando foi dada a largada nadei de forma tranquila, enquanto os mais experientes saiam em disparada mar adentro.
Como de costume, levei socos, cotoveladas e chutes na cara, afinal a concentração de atletas é imensa, mas independente disto é chato saber que existem muitos caras mal intencionados que insistem em prejudicar os outros, como se o simples fato de atrapalhar alguém na água, irá fazer diferença no resultado final da prova.
Chateações á parte, continuei minha natação e após cruzar a primeira boia que demorou á chegar, conseguir nadar tranquilamente em um ritmo até melhor do que estava esperando e puder fechar a primeira fase da natação em 28 minutos, feliz da vida, e sedento de vontade de sair logo daquele marzão e finalmente subir no meu brinquedo predileto.
Na segunda parte da natação, continuei nadando bem, e mais uma vez me surpreendi ao cruzar a boia, afinal vi três caras parados discutindo em meio á prova, simplesmente um absurdo. Como não tenho nada a ver com as atitudes dos outros, continuei nadando de forma convincente, para os meus padrões é claro, e surpreendentemente fechei a natação em 01:02:00, tempo que nunca achei que iria fazer, afinal treino em uma piscina de 18 metros 2 vezes por semana.
Após uma rápida transição, achei que iria fazer uma excelente prova, mas para meu azar, foi aí que meus problemas começaram.
Ao montar minha bike no hotel, esqueci de apertar os dois parafusos da mesa, e quando saí com a bike na primeira curva, o guidão solto virou, e precisava urgente de um kit de chave allen para apertar o mesmo.
Desesperado, fui pedalando vagarosamente, gritando á todos que assistiam se alguém tinha uma chave para emprestar, e para meu azar, consegui somente uns dez minutos depois de tanta insistência. 
Dois caras que estavam assistindo a prova me emprestaram as chaves (não os conheço, e nem sequer sei os seus nomes, mas agradeço imensamente a ajuda) e após uns dois minutos consegui ajustar a mesa e comecei o ciclismo, tentando correr atrás do precioso tempo perdido.
Pedalei forte, graças aos treinos com o Zé Ciclista e consegui manter uma média de 35km/h o tempo todo, mas para meu azar novamente, ao completar a metade da prova, quando entramos no centro da cidade, nas ruas de paralelepípedo, o chacoalhar da bike fez com que o suporte dos cilindros de CO2 fossem se soltando e quando estava na estrada a 40km/h, eles se soltaram de vez e entraram na roda traseira da bike, travando a mesma, fazendo com que eu me espatifasse no chão.
Quando estava caído, recebi a ajuda de umas 6 pessoas que estavam próximas, mas independente dos ralados no joelho e ombro, e a forte batida do peito na bike, eu estava desesperado para continuar a prova, mas para meu azar novamente a bike estava quebrada.
Desesperado, procurava o problema mas não achava, enquanto um rapaz dizia que um mecânico da prova estava próximo, assim sendo, esperei por alguns minutos e nada de ajuda, até o momento em que achei o problema, e tive que soltar a roda para tirar a peça que estava presa na mesma.
Após uns 10 minutos consegui sair com a bike, mas não fui muito longe, afinal devido á batida da queda o freio dianteiro estava pegando na roda, ou seja, parei a bike novamente para arrumar a mesma outra vez.
Era desesperador ver tantos atletas me passando, enquanto o azarado parava mais uma vez para consertar a bike.
Arrumada a magrela, saí em disparada para continuar a prova e terminar ao menos com dignidade, mas independente de conseguir encaixar um pedal forte, o medo nas descidas era grande após o tombo, mas mesmo assim consegui fechar os '80km de ciclismo em 05:16:18 com uma velocidade média de 34km/h.
Já na corrida, enquanto a maioria dos atletas temem o sofrimento da maratona que vem pela frente, eu sabia que seria o inicio da minha diversão, então independente das dores, comecei correndo bem.
Como de costume, não consegui ingerir comida e gel durante a corrida, e tomei poucos goles de água, mas consegui seguir em frente até o décimo quilômetro, e foi aí que mais problemas começaram.
Comecei a sentir uma estranha dor no tórax, sensação nunca sentida antes, afinal, uma sensação de vazio interno impediam o ciclo normal da minha respiração e a sensação de sufocamento me acompanhou por mais 32 quilômetros de prova.
Não consegui correr a maratona como de costume, mas segui em frente sem parar, exceto na cruel subida das canasvieiras, local onde dei uma caminhada básica, assim como  a grande maioria dos atletas.
Seguindo em frente, continuei correndo bastante incomodado, e morrendo de fome, mas minha meta não era somente a de terminar a prova logo, mas sim de me acabar de comer pizzas, bolos, sorvetes e tudo o que me oferecessem na linha de chegada. 
No quilometro 40, não aguentei, e acabei parando para comer um bolo de laranja com coca cola, que bolo maravilhoso era aquele, e após a degustação, segui em frente para fechar a maratona em 03:51:55, muito acima do que esperava e terminar meu segundo Iron Man em 10:18:24.
Independente dos problemas, terminei a prova feliz da vida, afinal sei que fecharia a mesma tranquilamente abaixo de 10 horas, mas me sinto satisfeito pelo fato de ser meu segundo Iron Man e principalmente por trabalhar das 07 horas da manhã até as 18:00 todos os dias e ainda conseguir um tempinho para me dedicar aos treinos.
Agradeço mais uma vez primeiramente á Deus e também á minha mãe, minha noiva, meu irmão, e á todos os meus amigos que me apoiam sempre.
Me sinto super honrado, pelo simples fato de poder acordar á cada dia com saúde, e poder fazer o que gosto tanto, e espero que Deus continue me iluminando com saúde, para que possa aproveitar á vida a cada minuto que passa.
Ano que vem, não fareia o Iron Man, pois tentarei realizar um sonho muito maior que é o de participar da Ultramaratona Des Sables no Marrocos em meio ao deserto do Saara, encarando 250 quilômetros de corrida, com 50 graus na cabeça durante o dia e 0 graus á noite com inúmeras tempestades de areia, acampado em 6 dias de sofrimento, mas recheado de muita diversão e uma aventura inexplicável.
Obrigado á todos mais uma vez e façam o bem uns aos outros.







domingo, 2 de junho de 2013

CORRIDA DAS TORRES 2013

No dia 04 de Maio de 2013, realizei minha última diversão antes do tão falado Iron Man Brasil. Digo diversão, pois por incrível que pareça, acabo me divertindo muito mais do que o próprio Iron Man em si, afinal, lá não tem montanhas para escalar, riachos e cachoeiras para atravessar, uma mata espetacular te engolindo por completo e o mais bacana de todos, os cachorros correndo atrás de você, deixando assim a aventura completa.
 Ás 14:00 horas, e com um calor intenso, acredito que uns 34 graus fácil, foi dada a largada, e como de costume saí numa boa e comecei á ser ultrapassado por vários atletas, mas como já conheço bem o percurso, sabia que em breve a história mudaria, principalmente com aquele sol escaldante castigando á todos os que lá estavam.
No segundo quilômetro de prova, já no estradão de terra, margeando a mata e os sítios locais, as primeiras subidas começavam a aparecer timidamente e junto com o ar seco e a alta temperatura, sabia que as coisas iam ficar bem difíceis mata adentro. 
Já no quarto quilômetro, os single tracks e as subidas de fato começaram, e como nos dois anos anteriores, comecei á passar alguns apressadinhos desavisados que insistiram em socar a bota na largada.
Muitas eram as subidas, e com a mata um pouco fechada em certos trechos, ganhei vários cortes e hematomas nas pernas e joelhos, mas á medida que a prova ia passando a diversão ia aumentando. 
 Na altura do oitavo quilômetro, uma falta de sinalização fez com que quatro atletas, incluindo eu, nos perdessemos, perdendo assim algumas posições, mas o prejuízo chegou á uns 2 minutos no máximo.
A última subida da torre, judiou bastante, e como de costume, subimos engatinhando enquanto que as panturrilhas explodiam de dor, mas após esta subida, as decidas vieram, e nós que estávamos no pelotão da frente forçamos em um ritmo forte.
 De volta aos sítios, este ano os cachorros timidamente dispararam alguns latidos, ameaçaram um ataque, mas de fato não o fizeram. Acredito que o calor era tão grande que aqueles pobres animais, que lá estavam apenas defendendo seu território,   onde várias pessoas malucas correndo estavam invadindo, não tiveram forças para intimidar nós atletas, mas confesso que desta forma foi bem melhor.


Faltando 2 quilômetros enquanto corria forte ao lado de outro atleta, disputando a posição acirradamente passo a passo, um rapaz de bicicleta passou e disse que estávamos em quinto logar no geral, e isso me motivou a forçar ainda mais, mas para meu azar, o parceiro ao lado pensou da mesma forma, sendo assim, continuamos forçando pau a pau na disputa pela quinta colocação geral.
Com tinha uma grande prova pela frente sabia que era besteira, me matar, e correr o risco de uma contusão, jogando assim dezenas de treinamentos pelos ares, mas como diz o nome, estamos em uma prova de corrida, e a adrenalina naquele momento com certeza fala mais alto. 
No último quilometro, baixei um pouco o ritmo, pois sabia que meu parceiro também estava cansado, e ao perceber que ele me acompanhou, esperei trezentos metros, assim sendo, nos setecentos metros finais, forcei o máximo que pude, e para minha sorte o atleta ao lado não acompanhou o ritmo.
No final fechei a prova em 01:06:37 na 5. colocação geral entre 174 atletas e 2. colocação na categoria entre 22 atletas.
Mais uma vez, a Corrida das Torres em Bertioga, proporcionou 12 quilômetros de muita diversão, calor, e um envolvimento inexplicável com a natureza.
Façam o bem uns aos outros.