sexta-feira, 24 de agosto de 2012

 FOTOS VIAGEM - LE ETAPE DU TOUR DE FRANCE 2012

TORRE EIFEL


RIO SENA

ROLAND GARROS



MUSEU LOUVRE

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

LE ETAPE DU TOUR 2012

LE ETAPE DU TOUR - 2012
PAU > BAGNERES-DE-LUCHON
Sonhos á parte, no último dia 14 de Julho encarei mais um desafio em minha vida, mas independente da dificuldade absurda, pude desfrutar de uma emoção que sem duvida alguma, não tem preço. Da mesma forma que todo jogador de futebol sonha em jogar uma final de copa do mundo, ou um atleta de basquete sonha em jogar na NBA, todo ciclista com certeza sonha em pedalar na maior competição do mundo na modalidade, ou seja, o TOUR DE FRANCE.
Ainda em recuperação após o Iron Man, decidi encarar o desafio, com o único objetivo de completar a prova e curtir ao máximo, e independente das dificuldades, foi o que realmente aconteceu.
     Como a prova seria no sábado, cheguei na quarta-feira na cidade de Pau, interior da França e na quinta e sexta consegui girar um pouco com a bike e me aclimatar com o local, lindo por sinal, afinal, não é todo dia que se pode fazer um treino leve, pedalando por cidadezinhas antigas com casas e igrejas de pedra, sem falar é claro nas longas plantações de girassol, que não cansamos de ver e admirar todos os anos nas transmissões do Tour.
As histórias foram muitas, como o treino na sexta em que nossa equipe foi guiada por um ciclista de um clube local, sendo que após ele nos mostrar e por que não dizer “amedrontar” ao apontar para o temível  Tourmalet, nos levou até a sede do seu clube...uma pequena garagem, sendo que após abrir a porta da mesma, simplesmente ficamos maravilhados ao ver tantos troféus e medalhas de todos os atletas da equipe, e para coroar a visita, canecas de chopp foram servidas á nós. Alguns atletas recusaram, afinal no dia seguinte seria o grande desafio, mas no meu caso, eu sabia que estava vivendo um momento mágico e não podia deixar de desfrutar de cada detalhe.
Já no dia seguinte, acordamos ás 4:00 da manhã, e fomos até o local da largada para o início do grande desafio.
A largada era feita em baterias de 1000 atletas a cada 5 minutos, e para meu azar fui o numero 9441, ou seja, a última bateria.
Quando finalmente largamos, o pessoal saiu forçando bem, e como eram centenas de atletas, vários pelotões se formavam, então era só escolher um e fazer a festa.
Após uns 37 quilômetros entre estradas e cidades aconchegantes, chegamos ao primeiro dos 4 desafios, o Col d´ Aubisque.
A montanha era imensa, afinal eram 1709m de altura, mas a preocupação virou emoção ao ver centenas de atletas zigue-zagueando a enorme subida, como se fossem soldadinhos subindo morro acima. Neste momento uma sensação, das melhores possíveis tomou conta de mim, e tratei de curtir cada metro, e poder sentir cada segundo daquele local mágico.
Ao chegar no topo, o frio era quase insuportável e a neblina atrapalhava meus planos de descer a lenha na descida, afinal a má visibilidade e a pista molhada me amedrontou bastante.
Pedalados uns 90 quilômetros, avistei talvez a placa de trânsito mais assustadora e ao mesmo tempo, emocionante da minha vida. A placa que dizia “ Col Du Tourmalet” . Neste instante, eu sabia que literalmente estava ferrado, pois tinha que encarar 2115 metros morro acima, mas enquanto subia, ia olhando para os lados e via que todos também sofriam assim como eu.
Quase 2 horas foram necessárias para encarar a montanha, e a cada metro pedalado sentia dor e ao mesmo tempo emoção ao admirar a paisagem exuberante e as incontáveis curvas em zigue-zague do Tourmalet, mas o maior desafio estava por vir, afinal lá em cima os termômetros marcavam 5 graus.
O frio era medonho, e nem mesmo 2 camisas, 1 manguito, 1 corta vento, além de luvas e um gorro embaixo do capacete, foram necessários para conter a friaca. Novamente, a pista estava molhada, e o medo era grande, assim sendo desci muito fraco, e no meio do caminho não sentia mais as mãos de tanto frio, mas para minha sorte 2 senhores que estavam próximos quando parei a bike, viram meu perrengue e começaram a esfregar minhas mãos para amenizar o problema. Um momento único, sem dúvida, agradecerei eternamente aqueles 2 senhores franceses, fãs do ciclismo que lá estavam para minha sorte.
Continuei minha descida, e no staff seguinte, peguei um isolante térmico e enrolei no corpo, por baixo da camisa, enquanto muitos atletas tremiam, deitados no chão enrolados em cobertas fornecidas pela organização.
Seguindo em frente, passamos por uma cidade linda em Sainte-Marie-de Campan, e em seguida chegou o Col d´Aspin com seus 1489m de altura.
Com o frio controlado, independente do cansaço, consegui subir legal para em seguida encarar 14 quilômetros de descida, desta vez com pista seca, ou seja, finalmente pude sentar a bota e sentir meu sangue pulsar em minhas veias, mas a alegria durou pouco, pois no quilômetro 165 chegou a última montanha, ou seja, o Col de Peyresourde, com “apenas” 20 quilômetros de subida somando 1559 metros de ascenção. Como já estava cansado, esta última montanha foi thrash, e parecia não acabar nunca, mas como não outras, olhava para os lados e via que todos estavam ferrados assim como eu.
Ao chegar no topo, teríamos mais 16 quilômetros de descida até o final da prova, então era hora de descer o sarrafo e curtir os últimos quilômetros daquele sonho. Faltando 4 quilômetros para o final entramos na cidade de Luchon e assim como no percurso todo, o local estava completamente abarrotado de torcedores, e faltando 1 quilômetro para o final, senti algo até então inédito em minhas corridas. Independente de estar tendo a oportunidade de correr e conhecer o quarto continente em minha vida, desta vez a Europa, nunca me emocionei á chegar ao ponto de chorar, mas neste instante meus olhos ameaçaram encher de lágrimas, até o momento em que 3 atletas passaram ao meu lado sprintando feito uns animais e olhando para mim, me chamando para o racha.
Imediatamente, ás lágrimas sumiram, e fiquei de pé na bike e comecei a sprintar também, até cruzar o pórtico de chegada.
Ao parar a bike, 2 daqueles atletas que nunca vi na vida, talvez Alemães me viram chegando e vieram em minha direção me cumprimentar e me abraçar, como se fossemos velhos amigos. Com certeza, ao me chamar para o sprint final, eles devem ter pensado: o que este cara está fazendo parado, perdendo o melhor da festa que é a explosão final? Mais um momento mágico, que não tem preço.


 CONTINUA.....