segunda-feira, 11 de maio de 2015

IRON MAN COZUMEL MÉXICO 2014

IRON MAN COZUMEL - MÉXICO 2014
No dia 30 de Novembro de 2014, participei do meu terceiro Iron Man, mas desta vez, em um local "Mágico de Verdade", afinal, estava nadando em águas caribenhas.
Diferente das outras duas vezes, o qual me sentia em plena forma, e esperava bons resultados antes da largada, desta vez, não estava muito bem preparado, e já esperava um resultado mediano.
Como estava trabalhando bastante não só no meu emprego, como em projetos paralelos, além de estar com a cabeça totalmente focada em mudança para um novo apartamento, não contei com o tempo adequado para me preparar para uma prova desta grandeza, além de já ter cumprido a grande meta do ano que era o La Mision...mas acredito que o meu maior erro foi o fato de nem sequer ter feito um único treino com a bike contra-relógio, ou seja, usei-a no Iron Man Brasil 2013 e um ano e meio depois montei na mesma somente em Cozumel para a largada da prova.
Não me sinto culpado pelo fato, afinal esta decisão foi devido ao medo de assalto nos treinos, assim sendo, fiz todos os treinos de sábado com a minha Speed velha de guerra.
 Por mais que sabia que estava mal preparado, antes da largada, não senti aquela tensão absurda, como nas 02 vezes anteriores.
Dada a largada, já fiquei maravilhado ao ver cartazes com mensagens deixadas pela organização no fundo do mar, tamanha era a transparência do mar caribenho.
Devido á temperatura da água, o uso da wet suit estava proibido, fato este que deixou a natação mais lenta, e diferentemente do Iron Man Brasil, o percurso da natação foi 3800 metros em uma perna só, ou seja, direto sem descanso.
Por mais que estivesse mandando uma natação meia boca, era impossível, se sentir cansado, nadando em meio a vários cardumes de peixes azuis e amarelos, podendo observa-los, como se fosse em uma tela com resolução HD.
Após a "diversão" na água, fechei a natação em 01:08:19 e saí para a transição ciente que meu sofrimento estava prestes a começar.
Ao pegar a bike, me posicionei no clip e apenas 10 minutos forma necessários para a dor nas costas vir com tudo.
Em todos os 180 quilômetros do ciclismo, fiquei oscilando entre pedalar no clip e segurar no guidão. Como já era de se esperar,  a grande parte do circuito da bike costeia o mar em um sentido com o vento contra.
Nem preciso dizer que comi o pão que o diabo amassou, afinal quando chegava á beira mar, ficava impressionado com praias desertas lindas, mas sofria demais pela falta de treinos e principalmente pela falta de costume na bike.
Em certos instantes, me consolava um pouco ao ver que outros atletas também sofriam um bocado, mas o mais impressionante eram os americanos (50% dos inscritos eram americanos), afinal eles pedalavam como se estivessem se divertindo, ai se existisse exame anti dopping entre os atletas amadores.
Outro fato, injusto foi o vácuo que alguns atletas pegavam atrás de outros atletas, fato este que tive a oportunidade de presenciar, mas consegui resolver com o único recurso que me apareceu no momento.
Um atleta espanhol, vinha se beneficiando do vácuo de alguns atletas e não era punido de forma alguma....quando consegui passá-lo gesticulei com a mão e falei algumas palavras que nem me lembro quais foram agora, mas o pilantra continuou todo pimpão na roda do pessoal. Quando ele ficou na minha roda, deixei ele á vontade....como estava um pouco gripado, esperei o momento certo, dei uma forçada no giro, joguei a bike de lado e em seguida mandei o famoso "sopro do fazendeiro", e tenho certeza absoluta que acertei o cara em cheio. Só sei que estava por volta do km 125 e nunca mais o vi.
Continuei sofrendo contra o vento, mas sem dúvida, curti bastante, afinal em certos instantes soltava gargalhadas comigo mesmo.
Sofri demais no pedal, e fechei os 180 km em 05:58:48, tempo absurdamente alto se comparado com minhas provas anteriores, mas nas anteriores não tive a oportunidade de acertar nenhum gatuno com tamanha maestria. 
Brincadeiras á parte, deixei a bike na transição, e ao colocar o tênis, e começar a correr, minha coluna estava totalmente estraçalhada, e as pernas então, nem se fala, ou seja, a falta de treinos com a bike me destruiu completamente.
Saí para correr os 42 quilômetros muito mal, e coloquei como meta chegar nos primeiros 05 quilômetros e andar um pouco, afinal na situação que me encontrava, estava totalmente fora de questão seguir em frente sem parar um pouco.
Chegando no quinto quilômetro, meu corpo estava mal, mas a mente fortalecia aos poucos, então apostei comigo mesmo se seria capaz de chegar até o décimo quilômetro direto, sem andar, e nesse jogo mental, consegui atingir minha meta, e isto aconteceu novamente nos próximos cinco quilômetros.
Quando cheguei na metade da corrida, ou seja, nos 21 quilômetros, estava muito fraco, e com dores pra tudo quanto é lado, mas aquela inexplicável sensação de prazer pela dor começou a tomar conta, e comecei a pensar comigo mesmo que seria uma injustiça total se em algum momento daqueles 42 quilômetros de corrida em parasse para caminhar, afinal não era tolerável Deus me dar duas pernas perfeitas enquanto que algumas pessoas infelizmente nem podem desfrutar disto, eu parar para andar, assim sendo, fui meditando durante toda a corrida, e consegui fechar a maratona em 03:59:15, sem andar durante toda a prova.
No final, fechei o Iron Man Cozumel em 11:17:13, conquistando a 157 colocação dentre 1300 atletas do mundo todo.
Dadas as circunstâncias, fiquei feliz da vida, pois esperava não menos que 12 horas de prova.
Como de costume, enquanto muitas pessoas vão direto para a maca, tomar soro na veia após a prova, eu sentei em uma cadeira e um garotinho mexicano beirando os 14 anos se ofereceu para pegar uma bandeja, com comida e rapidamente pedi ao mesmo que colocasse tudo o que tinha para comer, até pedra seria bem vinda.
Com uma bandeja, linda nas mãos, peguei um pedaço de pizza enorme, e coloquei quase metade dentro da boca, mas quando dei a primeira mastigada, aquela pimenta mexicana fortíssima, acabou com minhas expectativas.
Eu sabia que aquilo não desceria em meu estomago de maneira alguma, mas quando olhei para aquele garotinho mexicano, que se esforçou para me ajudar, com a melhor das intenções possíveis, me olhava de forma tão inocente, engoli aos poucos á pizza, com o intuito de não decepciona-lo. Aquilo desceu como uma bomba Napalm em meu estômago. Tentei fazer uma cara de bons amigos, me levantei da cadeira, cumprimentei aquele garotinho que estava lá para ajudar á todos, com um Mutchas gracias amigo, e fui embora. Que Deus ilumine á vida deste ninho.
Após a prova, pude curtir com minha esposa, 07 dias neste país fantástico, com uma cultura riquíssima e pessoas simples, porém de caráter imenso.
Agradeço á Deus e á todos que torcem por mim mais uma vez.
Nunca desistam dos seus sonhos e vivam a vida a todo instante, afinal ela passa muito depressa.
Façam o bem uns aos outros.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

LA MISION 2014

Olá pessoal, após muito tempo resolvi voltar a escrever no blog, e poder compartilhar uma experiência inigualável em minha vida, experiência esta que ocorreu na cidade de Passa Quatro em Minas Gerais no dia 09 de Agosto de 2014.
Em 2013 já tinha participado desta prova, e por motivos emocionais tive que abandoná-la no km 50 (Relato no blog).
Em todos esses anos de corrida, nunca tinha abandonado uma prova antes, e por mais que ache que tenha tomado a atitude certa, posso dizer que a sensação de derrota para comigo mesmo, caminhou ao meu lado por um ano.
Um ano em que sempre pensava que era capaz de superar aquele desafio, e que devia me preparar para voltar lá, não para desafiar a natureza....natureza esta que mostrou toda a sua grandiosidade perante nós atletas..... mas sim para voltar lá, pedir licença á ela e poder desfrutar de uma energia divina que somente ela pode nos proporcionar, e principalmente agradecê-la por me dar a oportunidade de poder voltar aquele lugar mágico.
Desta vez, treinei de verdade e estava psicologicamente preparado, afinal, já sabia o que encontraria pela frente.
 Dada a largada, comecei preocupado com uma dor incômoda no joelho que me acompanhava á dias, mas uns 30 minutos foram necessários para o sangue esquentar e o incômodo ir embora.
Durante a prova, minha maior preocupação era o peso da mochila, afinal não receberíamos nenhum auxílio durante a prova, exceto 2 postos de água.
Durante o dia o sol resolveu esquentar o que acabou dificultando nosso primeiro desafio, a montanha Tijuco Preto com sofríveis 2350 metros de altura.
 Para os atletas que fariam a prova de 40 km, este seria o desafio maior, já para nós que faríamos 80 km, este sofrimento era apenas um aviso do perrengue que viria pela frente.
Após algumas horas, terminamos o Tijuco Preto e descemos até o Ponto de controle do Ibama, local este, o qual existia uma pequena torneira d´água, ou seja, um verdadeiro tesouro para os que lá estavam.
Seguindo em frente, o relógio já marcava umas 15 horas, e o sol castigava cada atleta que tentava ao menos trotar pela estrada de terra, com intermináveis subidas.
Mais umas 2 horas foram necessárias para chegarmos até o posto de controle do Paiolinho, posto este o qual a organização checava a saúde dos atletas e após análise desclassificava aqueles que não apresentavam condições físicas e mentais para seguir em frente.
Toda esta esta análise era necessária, pois o montanha mais difícil estava por vir, e devido a falta de acesso, os atletas não teriam ajuda dali em diante, e o que mais preocupava á todos era o anoitecer e o frio no cume da montanha, isto sem contar é claro estado dos atletas que em quase toda sua totalidade era bastante debilitado.
Vários atletas chegavam naquele estágio e acabavam desistindo de prosseguir, pois sabiam que correriam um risco muito grande pela frente. Este foi exatamente o meu caso no ano passado, mas posso dizer que este ano estava tão focado no meu objetivo, que cheguei ao local e não conversei muito com os alguns atletas que se encontravam estirados no chão tentando se recuperar para seguir a diante.
Neste posto de controle, abasteci minha mochila, consegui incentivar um amigo a não desistir da prova e após uns 10 minutos segui em frente, pois sabia que em breve chegaria a noite e sem dúvida meus problemas se multiplicariam.
Iniciei assim a temível subida até o cume da Pedra da Mina com 2780 metros de altitude.
No início, subimos por uma floresta com a mata um pouco fechada, o que dificultava um pouco, mas com uma beleza sem igual, que me lembrou bastante minha viagem á Nova Zelândia em um passei que fiz pela floresta que serviu de cenário para as filmagens do filme O Senhor dos Anéis.
Passada a floresta, o sol começou a se pôr, a montanha começou a ficar mais íngreme, a água acabou e o frio chegou de vez.
Para minha sorte, estava com outros três atletas, o que acabou confortando á todos, pela camaradagem ocorrida.
Conforme íamos prosseguindo o cansaço nos desidratava cada vez mais e o ar rarefeito fazia com que caminhasse-mos  por uns 50 metros e logo em seguida fazíamos uma parada para respirar.
Após um bom trecho de escalada lenta e sofrida, ouvimos o barulho de água e não acreditávamos que aquele bem tão valioso aparecera para nós. Naquele instante, percebi que na vida, em determinados momentos, dinheiro algum pode nos salvar e que as coisas mais simples tem um valor imenso, coisas estas que infelizmente grande parte das pessoas fingem não ver ou acreditar.
Naquele instante o termômetro marcava 10 graus, e a água estava super gelada, mas no estado lastimável que nós quatro nos encontrávamos, nem percebemos tal fato.
Já com as lanternas acessas, a noite finalmente caiu , assim sendo seguimos em frente, e foi aí que o verdadeiro perrengue começou, afinal, o ar começava a faltar cada vez mais, dificultando a oxigenação cerebral, e uma sensação ruim se iniciou.
Naquele trecho, tínhamos que escalar uma pedra, com uma corda que se encontrava presa na mesma. Sabíamos que estávamos ao lado de 02 precipícios, mas que se importava, afinal estava tudo escuro, não enxergávamos lá embaixo, e não estávamos com a consciência 100 %.
Um parceiro que estava conosco chegou á ouvir estranhas gargalhadas de bruxas, já no meu caso, ouvi o galope de alguns cavalos, mas fui consolado por meus amigos, que insistiam em dizer que seria impossível um cavalo subir até aquele local.
Loucuras á parte, seguimos em frente vagarosamente, como uma equipe, e o mais impressionante era que aqueles quatro caras estavam sofrendo, mas ao mesmo tempo, se divertindo realizando um feito único em suas vidas.
No cume da montanha, o termômetro marca -2 graus e três alpinistas argentinos estavam acampados, oferecendo auxílio aos atletas, sendo que alguns deles, resolveram acampar naquele local, para descer somente quando o sol nascesse, temendo o pior durante a descida que além de extremamente técnica era muito perigosa.
No nosso caso, descemos dado auxilio uns aos outros, e neste instante cada um se despediu e imprimiu o seu ritmo.
Neste momento resolvi ficar sozinho, afinal passamos por algumas nuvens e quando meu relógio marcava exatas 1 hora da manhã, a lua cheia me presenteou com sua imponência, iluminado um pouco aquela natureza mágica, que insistia em acolher um ser que estava lá apenas para viver momentos inexplicáveis, fazendo com sua vida realmente valha a pena ser vivida. Obrigado Deus, por essa experiência divina.
Passando a parte íngreme, iniciaram se as trilhas técnicas, e neste instante consegui trotar um pouco e curtir ainda mais a prova, sendo que uma hora depois, saí da montanha e entrei em uma floresta para seguir trotando pela mata, até encontrar novamente um riacho.
Estava tão debilitado, com inúmeras cãibras, muito cansado, com os pé estraçalhados por causa das pedras, que nem ao menos pensei na procedência daquela água e fui logo bebendo a mesma com toda a vontade do mundo.
Sabe-se lá porque, aquela água fez com que as forças até então inexistentes voltassem. Após o riacho, iniciou o trecho final da prova, uma estrada rural de terra, e para minha sorte eu sabia que de uma vez por todas ia vencer aquele medo que me assombrou por um ano inteiro. Talvez por este motivo, Deus fez questão de renovar minhas forças, e limpar o céu, colocando aquela lua cheia imensa, rodeada por incontáveis estrelas no céu, o que iluminou a estrada para aquele final de prova sem igual.
Após 74 quilômetros de montanhas, peso nas costas, frio e sede, consegui correr em um ritmo bacana e passar três atletas que apesar de esgotados, lutavam bravamente para chegar ao final.
No último quilômetro, entrei na cidadezinha de Passa Quatro, uma pacata cidade no interior de Minas Gerais. 
Meu relógio, marcava 03 horas da madrugada, e lá estava eu, sem palavras, após realizar um feito que dinheiro algum pode comprar, além de provar mais uma vez a mim mesmo, que esta carcaça de 34 anos ainda é capaz de realizar feitos muito maiores e acima de tudo aproveitar esta vida maravilhosa ao máximo como venho fazendo ao longo destes anos.  
No final, cruzei o pórtico de chegada com 18 horas e 28 minutos de prova, conquistando a 18 posição geral, dentre 127 atletas, sendo que 49 destes acabaram não conseguindo completar a prova.
Mais uma vez agradeço principalmente á Deus, á minha mãe, minha esposa, e á todos que me ajudaram ao longo desta jornada.
FAÇAM O BEM UNS AOS OUTROS.






domingo, 1 de junho de 2014

CIRCUITO DAS PRAIAS 2014 - ETAPA MONGAGUÁ 10 KM


 
No dia 13 de Abril de 2014, fui convidado pela equipe Arena projetos para correr a Corrida Circuito das Praias em Mongaguá - 10km.
Como não estou acostumado com este tipo de prova (rápida), não esperava muita coisa, mas ao mesmo temo sabia que tinha que me esforçar para ao menos não decepcionar a equipe que me convidou.
Mais uma vez tive o prazer de correr ao lado do meu camarada Edmilson de Itanhaém, e sabia que somente o fato de conseguir acompanha-lo já seria muito bom.
Dada a largada, saí forte junto com o Edmilson, e não tive outra escolha, senão forçar o máximo que pudesse o tempo todo e deixar para "quebrar" o mais próximo do final possível.
Imprimimos um ritmo bacana, sempre perto dos 00:03:45 por km, e fechamos os 5 primeiros km em 00:17:20. Já nos 5 km finais, ainda consegui forçar um pouquinho e manter um pace parecido com os anteriores, enquanto que no km 7 e 8, já consegui ultrapassar alguns atletas, que começavam á diminuir o ritmo em virtude do cansaço.
No último km, estava literalmente acabado, pode até parecer estranho, para quem está acostumado a correr em trilhas uma média de 30km quase todos os domingos, mas a realidade era realmente esta, mas tinha em mente que teria que continuar forçando afinal, ao olhar para atras, era possível ver uns 6 atletas sedentos pela minha posição.
No final, fechei os 10 km em 00:35:56, mas vale deixar claro que o percurso tinha menos do que 10 km, ou seja, meu tempo corrigido seria entre 36 e 37 minutos.
De qualquer forma, fiquei bastante satisfeito com o resultado, pois terminei a prova em 4. colocado na minha categoria, dentre 21 atletas.
Agradeço a equipe Arena Projetos pelo convite, ao Edmilson pela ótima prva, e que venham as próximas.






terça-feira, 8 de abril de 2014

ENDURANCE 50K

O ano de 2014 finalmente começou nesta minha vida cheia de aventuras.
Infelizmente tive que esperar 3 meses, para começar minha maravilhosa e dolorosa diversão. 3 meses que considero um verdadeiro tempo mal aproveitado, afinal o que fiz neste período: Trabalhei, trabalhei e trabalhei.
A cada dia que passa, percebo as pessoas levando suas vidas inteiras trabalhando cada vez mais, sendo escravas de um mesmo objetivo, escondendo o verdadeiro sentido da vida, sendo subordinadas e limitadas á metas visíveis.
Sempre costumo dizer que o sentido da vida não é quantificável, afinal quando a pessoa se prende á números e bens materiais ela perde a razão de ser.
Em cada nova aventura em minha jornada, procuro algo fora do contexto, em busca de uma nova descoberta em minha vida.
Adoro garimpar estas novas descobertas e descobrir um novo caminho. 
Quanto mais longínquo, mais puro, mais intocável, mais precioso ele será.
Para mim, o caminho deve ser árduo, deve me testar ao máximo, deve ser solitário, incerto, perigoso, quase inumano dadas as minhas perspectivas.
Na noite do dia 21 de Março de 2014, eu e minha esposa, nos hospedamos em uma pousada muito mais do que simples em Paranapiacaba. Fui recebido pela dona da pousada, uma senhora de 70 e poucos anos que se espantou ao saber que eu iria correr 52 km na mata na manhã seguinte, afinal chovia muito forte no local, um verdadeiro dilúvio, o que chegou a preocupar minha esposa também.
Por alguns minutos cheguei a me preocupar também, mas ao me acomodar no quarto simples de madeira no meio do mato, percebi que tudo iria dar certo.
Como não tinha treinado especificamente para o desafio que estava por vir, a probabilidade de insucesso era enorme, mas 5 minutos naquele quarto foram o bastante para perceber que tudo estava ao meu favor.
Quando parei para ouvir a chuva forte se chocando nas telhas, fui surpreendido pela agradável sinfonia dos sapos que coaxavam agradecendo a chuva, e para minha sorte, mais ao fundo á uns 15 metros da janela do quarto existia uma enorme cachoeira completando o som da belíssima orquestra enquanto suas águas despencavam sobre as rochas. Diante de todo este cenário, não pensava nas dificuldades do dia seguinte, mas sim, me sentia o dono do mundo, ou melhor dizendo, uma alma privilegiada por presenciar tamanha fonte de inspiração.
Na manhã seguinte, acordei tranquilo, e após me preparar, caminhei sozinho por uns 3 quilômetros pelas estradas na mata até o local da largada.
Ás 8 horas foi dada a largada, e como de costume saí tranquilo, enquanto que 90% dos atletas me passavam rapidamente, como se fossem participar de uma prova curta.
Como corri no mesmo local ano passado, eu conhecia as dificuldades que estavam por vir, e tinha consciência de que muito pagariam caro pelo erro inicial.
Já no km 6, uma subida muito ingrime, mostrou á todos quem dava as ordens, e como já era esperado, consegui ganhar algumas posições.
Por volta do km 20, após muitas subidas e descidas técnicas, já se viam atletas caminhando, pagando o alto preço do despreparo para um desafio desta proporção, afinal, a exigência física em uma prova em montanha é infinitamente maior do que uma prova de rua.
Já no km 30, estava bastante esgotado, principalmente pelo fato de encarar incontáveis subidas com a mochila nas costas, em meio á muita lama e pedra durante todo o percurso, mas o simples fato de não parar, e continuar, mesmo que vagarosamente, fez com que eu conquistasse várias posições.
No km 40 a falta de água, culpa de um mal planejamento de minha parte, fez com que eu perdesse 3 posições importantes, e a desidratação fez com que eu pagasse caro, ou seja, as caibras vieram, e vieram de todos os lados.
A partir deste instante, foi na base da dor, sofrimento e sobrevivência, mas quanto mais eu sofria com as dores, mais sentia o prazer de estar em um local único, dentro de uma mata carregada de energia positiva, em meio á inacreditável mãe natureza.
Não conseguia mais me alimentar, devido á fortes dores estomacais, correr também era um ato de bravura, pois o esgotamento físico era total, mas como desistir de um desafio, independente dos contratempos, enquanto muitos nem sequer podem andar ou até mesmo nunca sentiram esta inexplicável sensação durante toda á vida.
Como de costume, a Serra de Paranapiacaba se transformou de forma rápida e a neblina invadiu a mata rapidamente, acrescentando certa dose de suspense ao local. Posso dizer que sofria a cada novo passo em que minhas pernas davam, mas independente do estado moribundo em que me encontrava, me divertia cada vez mais com a situação.
Faltando uns 2 km para o final, a chuva forte voltou, coroando o desafio, fechando aquele dia inexplicável com chave de ouro, dando a minha alma mais uma experiencia unica e incalculável.
No final fechei os 52 km da prova em 05:54:40 conquistando a 14. posição geral entre 55 participantes e a 3. posição na categoria 30-39 entre 13 participantes.
Na segunda feira, enquanto caminhava mancando, conversei com um empresário, que me perguntou o que eu ganhei com a prova, afinal todo aquele esforço teria que valer á pena, mas quando disse que ganhei apenas um troféu, ele me esnobou de todas as formas dizendo que eu era um verdadeiro otário, por não ter ganho dinheiro algum após a prova.
Acredito que na percepção dele ele tenha razão, e evitei fazer comentários, afinal, ele dedicou sua vida toda ao trabalho e devido ao seu esforço acumulou muito dinheiro, inúmeras propriedades, muitos bens materiais e como consequência uma saúde precária, o que acredito que prejudique bastante o fato de agora tentar poder desfrutar de suas incalculáveis riquezas.
De qualquer forma agradeço todos os dias á Deus, por abençoar os 33 anos de vida deste otário aqui, que graças á seu trabalho árduo de todos os dias não se importa em querer levar uma vida cômoda ou acumular riquezas, mas leva para sempre em sua alma o fato de ter corrido maratonas na Argentina e no Chile, ter corrido uma Ultramaratona de 100km dentro da Cordilheira dos Andes, ter escalado os Alpes Franceses durante o Tour de France na França, ter caminhado por cidades medievais na Bélgica, ter feito rafting, bunguee jump, rapel em cavernas, e pulado de pára quedas na espetacular Nova Zelândia, ter caminhado em desertos e sítios arqueológicos além de nadar no mar morto na Jordânia, ter nadado no mar mediterrâneo além de conhecer uma cultura fora do comum na Grécia, ter corrido uma Ultramaratona na Africa do Sul além de conhecer a cultura deste país maravilhoso e mergulhar em uma gaiola ao lado de um tubarão branco de 4,5 metros.
 Isto sem contar o fato de conhecer 13 estados por este Brasil, graças á minhas corridas que preencheram as paredes do meu quarto com 67 troféus e centenas de medalhas mas não me deram dinheiro algum.
Nunca terei palavras para agradecer por tudo isso, e principalmente pelas inúmeras amizades que fiz ao longo deste caminho maravilhoso, mas antes de agradecer por todas estas conquistas, peço á Deus que ilumine á vida de todos que veem minha vida de forma diferente da minha.
Obrigado á todos que me conhecem pelo apoio de sempre e contem comigo sempre.
Façam o bem uns aos outros.







domingo, 15 de dezembro de 2013

CORRIDA 6KM - ANIVERSÁRIO DE MONGAGUÁ


No último domingo, participei da corrida de 6km em comemoração ao aniversário de Mongaguá. Como não participo de provas rápidas á mais de 1 ano e meio, não tinha a intenção de participar da mesma, mas fui convidado pelo amigo Claudio Arena, organizador da prova, então abracei a idéia de imediato é claro.
Após um ano mesclando provas longas como 100km na Cordilheira dos Andes, Iron Man, 50km de madrugada na serra da Mantiqueira e períodos sem treinos devido ao trabalho, sabia que a intenção era apenas correr ao lado dos amigos e principalmente de minha esposa e minha mãe.
Dada a largada, resolvi aproveitar o pouquinho que a carcaça aquentasse e forçar o máximo que desse, afinal não tenho explosão alguma, ou seja, o essencial para este tipo de prova.
No começo, consegui forçar legal, e acho que mandei os 3 primeiros quilômetros abaixo de 00:03:30, mas quando fiz o retorno para os 3 km finais, pude perceber que o mérito não era tão meu assim, afinal, fomos beneficiados com o vento á favor, e na volta pagamos caro com um vento contra bem forte, mas independente disto consegui manter um ritmo bom, afinal se estava ruim para mim, estava ruim para todos. 
No final, consegui fechar os 6 km em 00:22:27 conquistando a 2. colocação na categoria 30 - 39 anos e a 12. colocação geral, entre 227 atletas. Um ótimo resultado, para quem não esta acostumado com este tipo de prova.
Após a prova, voltei a sentir aquela sensação ótima, de correr ao lado da família e dos amigos, sensação esta que vinha sendo esquecida por mim, devido á tantas provas longas em locais remotos, por vezes em outros países, consumindo horas de isolamento e esforço.
Agradeço á todos os amigos que lá estavam se divertindo ao meu lado e peço desculpas se esqueci de alguém:
- Minha esposa, minha mãe, Claudio Arena, Charles, Nenê, Marco Mountaim, Nanda, Luiz Landim, Cleiton, Carlinhos, Carlos, Diego, Fábio Reazo, Fabio Arena, Thiago, Costama, entre outros.
Um abraço á todos e façam o bem uns aos outros.











domingo, 20 de outubro de 2013

 
LA MISION 2013
 No último dia 12 de Outubro de 2013, tive a oportunidade de me envolver em mais uma inesquecível experiência em minha vida.
 
Estava ansioso para encarar os 80 quilômetros do primeiro La Mision, prova esta que acontecera na inacreditável Serra Fina, em Passa Quatro no estado de Minas Gerais.
Meu espírito aventureiro ainda estava absolutamente satisfeito com minhas jornadas, afinal, há três semanas atrás tive a oportunidade de desfrutar minha Lua de Mel da melhor maneira possível explorando a Grécia em 8 dias e depois a espetacular Jordânia (literalmente de cabo a rabo) em mais 9 dias, totalizando 17 dias inacreditáveis, conhecendo 2 culturas absolutamente distintas, porém impressionantes.
Após isso, me dediquei nas três próximas semanas ao La Mision, e quando comecei a subir a Serra, na entrada da cidade de Passa Quatro, um dia antes da prova, pude perceber que teria problemas. Curiosamente, pensei alto em quanto dirigia:
- Estou ferrado! – minha mãe ao meu lado, concordou dizendo:
- Está mesmo.
Brincadeiras á parte, cheguei no local já á tarde, peguei o meu kit da corrida e fui descansar, mas como esperado, não dormi nada á noite, afinal a ansiedade dominava todos os meus sentimentos.
Já no dia seguinte, exatamente ás 11:00 horas da manhã, foi dada a largada, para os atletas da prova de 40km e 80km.
No inicio da prova, meu único inconveniente até então era a pesada mochila que carregava nas costas, que parecia pesar uns 5 quilos, mais parecendo uma bigorna, afinal estava levando suprimentos talvez para passar uns 2 ou 3 dias na mata.
Nos primeiros 12 quilômetros, tudo estava ótimo, pois corríamos no estradão de terra, local que adoro, mas quando entramos na mata, iniciaram se os single tracks e as subidas cada vez mais fortes, fizeram com que começássemos literalmente uma procissão.
Independente das dificuldades, não sabia como agradecer á Deus, por ter a oportunidade de estar em um lugar tão mágico e magnífico. A beleza local era tamanha, que subíamos montanha acima por horas, sendo que em alguns locais, literalmente escalávamos rochas, e continuávamos assim por horas, mas a fadiga e o cansaço não incomodavam tanto.
A temível subida do capim amarelo era dura e castigava bastante, pois subimos á 2800 metros acima do nível do mar, e a incômoda dor de cabeça, fruto da falta de oxigênio realmente deu as caras, mas o maior perrengue no topo da montanha foi a ventania baixando a temperatura á geladíssimos 3 graus Celsius.
A cada instante, olhávamos para qualquer lado, e éramos presenteados com paisagens simplesmente magníficas, observando pequenas pessoas lá longe em várias montanhas, desafiando seus limites, lutando bravamente contra suas barreiras em uma lenta e desafiadora marcha rumo á chegada.
Por volta das 17:40 horas, e com apenas 24 quilômetros percorridos passamos por um pequeno riacho, e pudemos abastecer nossas mochilas, afinal, todos nós que lá estávamos, precisávamos de água. Erroneamente, molhei minhas mãos na água gelada do riacho e comecei a passar mal, tremendo bastante, e sabia que tinha que me aquecer urgente, pois á ultima coisa que queria naquele instante era ser vitima de uma hipotermia, e ficar ali, largado no meio do nada, devido á não termos ajuda naquele local inóspito.
Já agasalhado, e com a lanterna na cabeça, começamos a jornada noturna, por entre colinas e precipícios rumo á misteriosa e silenciosa escuridão.
Com 2 companheiros de prova, o Renato e o Antônio, seguimos noite afora, caminhando pelas rochas e pela mata, curtindo e batendo papo o tempo todo.
Por volta das 21:00 horas, chegamos em uma floresta bacana e conseguimos seguir trotando, pelo local, pois já estava ficando insuportável andar por tanto tempo. Dois quilômetros adiante, tivemos uma agradável e salvadora surpresa ao chegarmos ao próximo posto de controle, afinal, fomos surpreendidos com uma sopa quente, cortesia da organização que não estava nos planos, mas que por sua vez, caiu como um banquete, devido á não aguentar mais tomar gel de carboidrato e comer barra de proteína.
Uns dez minutos depois, seguimos 14 km pelo estradão de terra trotando na medida do possível, afinal, sempre éramos surpreendidos por longas subidas, que naquele instante soavam para nossas pernas como montanhas do Himalaia.
Pela primeira vez em minha vida, tive o prazer de poder correr em um estradão de terra, que adoro tanto, desde meus tempos de mountaim bike, mas desta vez em plena escuridão, salvo a luz de nossas lanternas, sendo observados por cavalos e inúmeras aranhas que apareciam livremente pela estrada, além é claro dos animais que não víamos.
Seguimos em frente e nosso parceiro Renato estava bem, mas acabou perdendo a motivação e decidiu desistir da prova. Antônio e eu continuávamos rumo ao próximo posto de controle, em um ritmo lento, mas mesmo assim ainda conseguíamos passar alguns atletas, afinal, estava difícil para todos.
Chegando ao posto de controle, fomos informados que estávamos na posição 35. de 130 atletas, mas ainda tínhamos 30 quilômetros pela frente, e a previsão era de fazermos esta distância em no mínimo 7 horas.
Uma nova montanha com mais 2300 metros estava entre esses 30 quilômetros, assim sendo, bati um papo com um rapaz do posto de controle, e as palavras dele foram desanimadoras, afinal ele disse que esta montanha estava muito mais difícil que a primeira, que lá em cima estava fazendo os mesmos 3 graus, e que não teríamos mais auxilio nenhum, inclusive abastecimento de água, ou seja, se algo der errado daqui em diante, conte com o seu anjo da guarda e mais ninguém.
Nossos relógios já maçavam 23:50, e não sei porque mas ao ouvir as palavras daquele cara, tudo de ruim que podia acontecer venho á minha cabeça, cheguei á pensar que ao escalar a montanha poderia escorregar e me esborrachar precipício abaixo, afinal, os reflexos estaria menos apurados durante a madrugada, mas o que mais me desmotivou, foi o fato de ter que provavelmente caminhar por mais 30 quilômetros, e isto acabou comigo, pois queria fazer o que mais gosto que é correr, ou em outras palavras, perdi o tesão pela prova. Talvez a falta de estudo e informações sobre o evento tenha sido também um fato decisivo.
Quando disse ao pessoal que iria abandonar a prova, todos reprovaram a decisão afinal eu estava muito bem, mas meu sexto sentido foi mais forte. Cinco atletas e três pessoas do staff que lá estavam, tentaram á todo custo mudar minha decisão, e não concordavam com a mesma, mas infelizmente, fui derrotado por meus pensamentos negativos.
Esperei o Renato chegar, e abandonamos a prova, caminhando madrugada afora rumo á cidade de Passa Quatro.
Esta foi minha primeira experiência neste tipo de prova e independente da não conclusão, adorei tudo o que aconteceu, afinal me diverti á beça, aprendi muito mais sobre minha vida do que qualquer livro que devorei durante meus 19 anos de estudos sejam na escola, faculdade ou pós graduação. É claro que todos temos que estudar bastante, mas com certeza aprendi muito mais sobre a vida nos 9 países que já conheci e nas provas que faço por esse mundão afora, do que nas dezenas de livros de engenharia que devorei durante anos, até porque estou aproveitando a mesma ao máximo, e não estou pensando em guardar dinheiro e esperar a velhice bater em minha porta pagar gasta-lo todo com remédios.
Em certos instantes sinto algum arrependimento por minha decisão, afinal, sei que completaria a prova, mas não estou aqui para escrever um monte de desculpas, e sei, ou pelo menos imagino aonde ainda posso chegar.
Em relação aos atletas que estavam comigo, já admirava os ultramaratonistas antes, agora, virei um super fã. É impressionante a força de vontade e união desses caras que levam seus corpos ao limite e possuem uma mente altamente poderosa.
Agradeço á Deus, por mais esta oportunidade em minha vida, além de minha mãe que me acompanhou, minha esposa por todo o apoio, e á todos os meus amigos pela ajuda e mensagens de apoio.
UM ABRAÇO Á TODOS E FAÇAM BEM UNS AOS OUTROS.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 23 de junho de 2013

IRON MAN BRASIL 2013

Mais uma vez, pude realizar o sonho de completar um Iron Man. Agora um pouquinho mais experiente, pela segunda vez na vida completei os 3800m de natação, 180km de Bike e 42km de Corrida novamente na Ilha de Florianópolis.
Viajei um dia antes da prova, sem muitas expectativas afinal, meu principal objetivo do ano de 2013 já tinha sido alcançado, que era completar a ultramaratona Cruce de Los Andes, mas como já estava inscrito desde o ano passado, tive que me dedicar aos treinos para ao menos completar de forma melhor que no ano anterior.
Desde vez meu staff foi minha noiva, que cuidou de toda a logística, transporte de bike, etc, sendo assim, no sábado apenas retirei meu kit de prova e ao invés de fazer um treino leve, como quase todos os 2000 e poucos atletas estavam fazendo, resolvi passear e na hora do almoço mandei 2 pratos fundos de feijoada com churrasco.
 Continuamos curtindo o restante do dia, sem me estressar com o dia seguinte, afinal, havia treinado bem, e sabia que um dia antes não ia ajudar em nada, se bem que se tivesse comido um pouco menos acredito que as coisas seriam um pouco melhores para meu estomago. 
Na noite pré prova, não consegui dormir quase nada, afinal a adrenalina é gigantesca e por mais que você não queira, é impossível não ficar pensando na manhã seguinte.


Ao acordar ás 04:00 da manhã, tomei umas 5 xícaras de café como de costume e fomos até o local da transição para em breve ouvir o tiro de largada.
A manhã estava fria, mas a adrenalina acabava mascarando a sensação gelada, assim sendo, não via a hora de começar logo a brincadeira.
Após conferir todos os equipamentos, fui até a praia próximo ao local de largada e entrei no mar para um breve aquecimento, enquanto o sol nascia formando uma paisagem inexplicável. 
Naquele instante, nadei uns 10 minutos e saí da água, para em seguida me despedir de minha noiva e entrar na área de largada ao lado de 2200 atletas, que com certeza,  assim como eu, estavam morrendo de ansiedade, não vendo a hora do canhão atirar e consequentemente por em prática o resultado de meses de treinos durante noites, madrugadas, sol e chuva.
Como não tenho uma boa natação fiquei um pouco afastado do pessoal e quando foi dada a largada nadei de forma tranquila, enquanto os mais experientes saiam em disparada mar adentro.
Como de costume, levei socos, cotoveladas e chutes na cara, afinal a concentração de atletas é imensa, mas independente disto é chato saber que existem muitos caras mal intencionados que insistem em prejudicar os outros, como se o simples fato de atrapalhar alguém na água, irá fazer diferença no resultado final da prova.
Chateações á parte, continuei minha natação e após cruzar a primeira boia que demorou á chegar, conseguir nadar tranquilamente em um ritmo até melhor do que estava esperando e puder fechar a primeira fase da natação em 28 minutos, feliz da vida, e sedento de vontade de sair logo daquele marzão e finalmente subir no meu brinquedo predileto.
Na segunda parte da natação, continuei nadando bem, e mais uma vez me surpreendi ao cruzar a boia, afinal vi três caras parados discutindo em meio á prova, simplesmente um absurdo. Como não tenho nada a ver com as atitudes dos outros, continuei nadando de forma convincente, para os meus padrões é claro, e surpreendentemente fechei a natação em 01:02:00, tempo que nunca achei que iria fazer, afinal treino em uma piscina de 18 metros 2 vezes por semana.
Após uma rápida transição, achei que iria fazer uma excelente prova, mas para meu azar, foi aí que meus problemas começaram.
Ao montar minha bike no hotel, esqueci de apertar os dois parafusos da mesa, e quando saí com a bike na primeira curva, o guidão solto virou, e precisava urgente de um kit de chave allen para apertar o mesmo.
Desesperado, fui pedalando vagarosamente, gritando á todos que assistiam se alguém tinha uma chave para emprestar, e para meu azar, consegui somente uns dez minutos depois de tanta insistência. 
Dois caras que estavam assistindo a prova me emprestaram as chaves (não os conheço, e nem sequer sei os seus nomes, mas agradeço imensamente a ajuda) e após uns dois minutos consegui ajustar a mesa e comecei o ciclismo, tentando correr atrás do precioso tempo perdido.
Pedalei forte, graças aos treinos com o Zé Ciclista e consegui manter uma média de 35km/h o tempo todo, mas para meu azar novamente, ao completar a metade da prova, quando entramos no centro da cidade, nas ruas de paralelepípedo, o chacoalhar da bike fez com que o suporte dos cilindros de CO2 fossem se soltando e quando estava na estrada a 40km/h, eles se soltaram de vez e entraram na roda traseira da bike, travando a mesma, fazendo com que eu me espatifasse no chão.
Quando estava caído, recebi a ajuda de umas 6 pessoas que estavam próximas, mas independente dos ralados no joelho e ombro, e a forte batida do peito na bike, eu estava desesperado para continuar a prova, mas para meu azar novamente a bike estava quebrada.
Desesperado, procurava o problema mas não achava, enquanto um rapaz dizia que um mecânico da prova estava próximo, assim sendo, esperei por alguns minutos e nada de ajuda, até o momento em que achei o problema, e tive que soltar a roda para tirar a peça que estava presa na mesma.
Após uns 10 minutos consegui sair com a bike, mas não fui muito longe, afinal devido á batida da queda o freio dianteiro estava pegando na roda, ou seja, parei a bike novamente para arrumar a mesma outra vez.
Era desesperador ver tantos atletas me passando, enquanto o azarado parava mais uma vez para consertar a bike.
Arrumada a magrela, saí em disparada para continuar a prova e terminar ao menos com dignidade, mas independente de conseguir encaixar um pedal forte, o medo nas descidas era grande após o tombo, mas mesmo assim consegui fechar os '80km de ciclismo em 05:16:18 com uma velocidade média de 34km/h.
Já na corrida, enquanto a maioria dos atletas temem o sofrimento da maratona que vem pela frente, eu sabia que seria o inicio da minha diversão, então independente das dores, comecei correndo bem.
Como de costume, não consegui ingerir comida e gel durante a corrida, e tomei poucos goles de água, mas consegui seguir em frente até o décimo quilômetro, e foi aí que mais problemas começaram.
Comecei a sentir uma estranha dor no tórax, sensação nunca sentida antes, afinal, uma sensação de vazio interno impediam o ciclo normal da minha respiração e a sensação de sufocamento me acompanhou por mais 32 quilômetros de prova.
Não consegui correr a maratona como de costume, mas segui em frente sem parar, exceto na cruel subida das canasvieiras, local onde dei uma caminhada básica, assim como  a grande maioria dos atletas.
Seguindo em frente, continuei correndo bastante incomodado, e morrendo de fome, mas minha meta não era somente a de terminar a prova logo, mas sim de me acabar de comer pizzas, bolos, sorvetes e tudo o que me oferecessem na linha de chegada. 
No quilometro 40, não aguentei, e acabei parando para comer um bolo de laranja com coca cola, que bolo maravilhoso era aquele, e após a degustação, segui em frente para fechar a maratona em 03:51:55, muito acima do que esperava e terminar meu segundo Iron Man em 10:18:24.
Independente dos problemas, terminei a prova feliz da vida, afinal sei que fecharia a mesma tranquilamente abaixo de 10 horas, mas me sinto satisfeito pelo fato de ser meu segundo Iron Man e principalmente por trabalhar das 07 horas da manhã até as 18:00 todos os dias e ainda conseguir um tempinho para me dedicar aos treinos.
Agradeço mais uma vez primeiramente á Deus e também á minha mãe, minha noiva, meu irmão, e á todos os meus amigos que me apoiam sempre.
Me sinto super honrado, pelo simples fato de poder acordar á cada dia com saúde, e poder fazer o que gosto tanto, e espero que Deus continue me iluminando com saúde, para que possa aproveitar á vida a cada minuto que passa.
Ano que vem, não fareia o Iron Man, pois tentarei realizar um sonho muito maior que é o de participar da Ultramaratona Des Sables no Marrocos em meio ao deserto do Saara, encarando 250 quilômetros de corrida, com 50 graus na cabeça durante o dia e 0 graus á noite com inúmeras tempestades de areia, acampado em 6 dias de sofrimento, mas recheado de muita diversão e uma aventura inexplicável.
Obrigado á todos mais uma vez e façam o bem uns aos outros.