Ao entrar naquele país fui surpreendido pela beleza da cidade, e principalmente pela paixão e orgulho que os Argentinos tem pela sua nação, coisa que não existe por aqui.
No sábado cedo, os conselhos de meu treinador era para descansar o dia todo, mas como estava com minha namorada e minha mãe, fiz um city tour cedo e uns passeios á tarde no bairro da Recoleta.
Na manha da corrida, acordei bem, independente de estar um pouco cansado, e peguei um taxi rumo ao estadio do River Plate para a largada. Antes da largada conheci um senhor americano, " Dead Guy", que é integrante do clube Marathon Maniacs, o cara em 7 anos correu "apenas" 84 maratonas, só de conversar com o cara já foi uma experiência única, sendo que peguei seu e-mail e ele já está me chamando para correr nos states.
Como fiz a Maratona do Rio em 03:28:22, meu objetivo era fazer 1 minuto a menos nesta prova.
Antes da largada, tocou o hino da Argentina e os caras ficaram loucos, pulando, aplaudindo e gritando "Le, le, le". Mais alguns segundos depois, um filme venho á minha cabeça, e lembrei de como comecei, de todas as minhas dificuldades e de minha incansável luta, nos estudos e depois nos esportes, dos treinos na chuva, á noite, etc, assim sendo não aguentei e duas lágrimas desceram meus olhos ao pensar que estava tendo a oportunidade de correr em outro país.
Dada a largada, consegui imprimir um ritmo muito bom, de 00:04:10/min.
Chegando na meia maratona cravei 01:33:00 e percebi que podia fazer um ótimo tempo naquela dia, e foi ai que aquele sonho praticamente impossível para mim, o índice para a Maratona de Boston, começou a parecer possível.
Nos km seguintes fui mantendo o ritmo, mas as bolhas nos pés apareceram no km 29.
Como ainda me sentia bem, comecei a pisar forte com o intuito de estourar logo as bolhas, ou seja, se era para doer a hora era esta, afinal o meu indice tão sonhado ainda estava nos planos.
Por volta do km 38, ainda estava forte, mas pensei inúmeras vezes em desistir, e tentar o tempo no ano que vem na Maratona de Porto Alegre, mas fui levando com todas as dores possíveis.
No km 41 olhei no relógio e vi que era possível. Os Argentinos parecendo saber da situação gritavam loucamente "Fuerza, voçê puede", e em seguida vi o pórtico de chegada e consegui ainda forçar mais um pouquinho.
Passei pelo pórtico em 03:08:40 e sabia que ia chorar feito uma criança, mas as inúmeras caimbras e dores não deixaram que isto acontecesse.
No final não acreditava, afinal realizei um sonho que achava ser impossível para mim, consegui o índice para a Maratona de Boston, ou como é conhecida no mundo "a maratona dos corredores de verdade".
Em minha idade o tempo necessário é abaixo de 03:10:00, agora tenho 2011 ou 2012 para correr nos Estados Unidos, não com amadores, mas sim ao lado dos melhores do mundo.
Agradeço á todos pelo apoio, principalmente á Deus, minha mãe, minha namorada, e meus patrocinadores Termaq e Área de Treino.
Sonhos á parte, provavelmente em Abril do ano que vem a Ultramaratona Two Oceans na Africa do Sul, será bem vinda.
Cape Town e Nelson Mandela que me aguardem.
Abraço á todos e bons treinos.
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