Mais uma vez, pude realizar o sonho de completar um Iron Man. Agora um pouquinho mais experiente, pela segunda vez na vida completei os 3800m de natação, 180km de Bike e 42km de Corrida novamente na Ilha de Florianópolis.
Viajei um dia antes da prova, sem muitas expectativas afinal, meu principal objetivo do ano de 2013 já tinha sido alcançado, que era completar a ultramaratona Cruce de Los Andes, mas como já estava inscrito desde o ano passado, tive que me dedicar aos treinos para ao menos completar de forma melhor que no ano anterior.

Na noite pré prova, não consegui dormir quase nada, afinal a adrenalina é gigantesca e por mais que você não queira, é impossível não ficar pensando na manhã seguinte.

A manhã estava fria, mas a adrenalina acabava mascarando a sensação gelada, assim sendo, não via a hora de começar logo a brincadeira.
Após conferir todos os equipamentos, fui até a praia próximo ao local de largada e entrei no mar para um breve aquecimento, enquanto o sol nascia formando uma paisagem inexplicável.
Naquele instante, nadei uns 10 minutos e saí da água, para em seguida me despedir de minha noiva e entrar na área de largada ao lado de 2200 atletas, que com certeza, assim como eu, estavam morrendo de ansiedade, não vendo a hora do canhão atirar e consequentemente por em prática o resultado de meses de treinos durante noites, madrugadas, sol e chuva.

Como de costume, levei socos, cotoveladas e chutes na cara, afinal a concentração de atletas é imensa, mas independente disto é chato saber que existem muitos caras mal intencionados que insistem em prejudicar os outros, como se o simples fato de atrapalhar alguém na água, irá fazer diferença no resultado final da prova.
Chateações á parte, continuei minha natação e após cruzar a primeira boia que demorou á chegar, conseguir nadar tranquilamente em um ritmo até melhor do que estava esperando e puder fechar a primeira fase da natação em 28 minutos, feliz da vida, e sedento de vontade de sair logo daquele marzão e finalmente subir no meu brinquedo predileto.

Após uma rápida transição, achei que iria fazer uma excelente prova, mas para meu azar, foi aí que meus problemas começaram.
Ao montar minha bike no hotel, esqueci de apertar os dois parafusos da mesa, e quando saí com a bike na primeira curva, o guidão solto virou, e precisava urgente de um kit de chave allen para apertar o mesmo.
Desesperado, fui pedalando vagarosamente, gritando á todos que assistiam se alguém tinha uma chave para emprestar, e para meu azar, consegui somente uns dez minutos depois de tanta insistência.

Quando estava caído, recebi a ajuda de umas 6 pessoas que estavam próximas, mas independente dos ralados no joelho e ombro, e a forte batida do peito na bike, eu estava desesperado para continuar a prova, mas para meu azar novamente a bike estava quebrada.

Após uns 10 minutos consegui sair com a bike, mas não fui muito longe, afinal devido á batida da queda o freio dianteiro estava pegando na roda, ou seja, parei a bike novamente para arrumar a mesma outra vez.
Era desesperador ver tantos atletas me passando, enquanto o azarado parava mais uma vez para consertar a bike.

Já na corrida, enquanto a maioria dos atletas temem o sofrimento da maratona que vem pela frente, eu sabia que seria o inicio da minha diversão, então independente das dores, comecei correndo bem.

Comecei a sentir uma estranha dor no tórax, sensação nunca sentida antes, afinal, uma sensação de vazio interno impediam o ciclo normal da minha respiração e a sensação de sufocamento me acompanhou por mais 32 quilômetros de prova.
Não consegui correr a maratona como de costume, mas segui em frente sem parar, exceto na cruel subida das canasvieiras, local onde dei uma caminhada básica, assim como a grande maioria dos atletas.
Seguindo em frente, continuei correndo bastante incomodado, e morrendo de fome, mas minha meta não era somente a de terminar a prova logo, mas sim de me acabar de comer pizzas, bolos, sorvetes e tudo o que me oferecessem na linha de chegada.
No quilometro 40, não aguentei, e acabei parando para comer um bolo de laranja com coca cola, que bolo maravilhoso era aquele, e após a degustação, segui em frente para fechar a maratona em 03:51:55, muito acima do que esperava e terminar meu segundo Iron Man em 10:18:24.
Independente dos problemas, terminei a prova feliz da vida, afinal sei que fecharia a mesma tranquilamente abaixo de 10 horas, mas me sinto satisfeito pelo fato de ser meu segundo Iron Man e principalmente por trabalhar das 07 horas da manhã até as 18:00 todos os dias e ainda conseguir um tempinho para me dedicar aos treinos.

Me sinto super honrado, pelo simples fato de poder acordar á cada dia com saúde, e poder fazer o que gosto tanto, e espero que Deus continue me iluminando com saúde, para que possa aproveitar á vida a cada minuto que passa.
Ano que vem, não fareia o Iron Man, pois tentarei realizar um sonho muito maior que é o de participar da Ultramaratona Des Sables no Marrocos em meio ao deserto do Saara, encarando 250 quilômetros de corrida, com 50 graus na cabeça durante o dia e 0 graus á noite com inúmeras tempestades de areia, acampado em 6 dias de sofrimento, mas recheado de muita diversão e uma aventura inexplicável.
Obrigado á todos mais uma vez e façam o bem uns aos outros.